sábado, 14 de dezembro de 2013

COLONOS DA FAMÍLIA MALMANN


COLONOS DA FAMÍLIA MALMANN



JACÓ MALMANN consta da "Relação dos colonos alemães vindos por conta do governo da província do Rio de Janeiro, e que existem atualmente em Petrópolis", elaborada pela Diretoria da Imperial Colônia de Petrópolis, e datada de 30.12.1859, como tendo mulher e 4 filhos.

JOÃO PEDRO MALMANN era proprietário do Prazo de Terras nº 3.422, do Quarteirão Presidência.

Estes colonos teriam vindo para a colônia de Petrópolis em 1845.

Outros colonos da família MALMANN foram para o sul do País, especificamente para a cidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul. Ali, o descendente ORESTES JOSUÉ MALMANN, através de seu blog "Um povo sem história é um povo sem raiz" (http://orestesmallmann.blogspot.mx/), estudioso da genealogia das famílias alemãs, procura divulgar fatos históricos do Vale do Taquari.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Brasil: dialeto do baixo-alemão torna-se segunda língua oficial de cidade gaúcha

No Brasil, quase dois milhões de pessoas falam o hunsriquiano rio-grandense, especialmente nas cidades que foram fundadas por imigrantes alemães. O dialeto é ensinado nas escolas e é parcialmente reconhecido como segunda língua oficial. Mas aí já vai um longo caminho. 

 – A língua dos Montes Hunsrück –

“Hunsrickisch wód de énsiche chprooch, wo ich wust chpreche bis ich in di chuhl gang sinn“, disse um jovem do Brasil. Ele chamou seu dialeto de Riograndenser Hunsrückisch (hunsriquiano rio-granden-se), que é composto de partes do chamado Hunsrück Platt – o baixo-alemão dos Montes Hünsruck –, derivado do baixo-alemão de Morbach, Idar-Oberstein, Rheinböllen, Simmern e Kastellaun – cidades do Estado da Renânia-Palatinado, sudoeste da Alemanha.

No entanto, esse dialeto tornou-se uma língua de ortografia baseada no português, é ensinado nas escolas e às vezes até reconhecido como um segunda língua oficial. Mas até aí, foi preciso que passasse o tempo.

– A iniciativa tem sucesso –
 
Para muitas crianças, o hunsriquiano é a primeira língua que aprendem em casa com seus pais ou avós. No entanto, na escolam eles devem falar português, que lhes parece como uma língua estrangeira.
O apoio ao hunsriquiano formou-se em 2004, com a iniciativa “Opção pelo Hunsrik”, de Solange Hamester Johann, autora do manual Mayn Eyerste 100 Hunsrik Werter (Minhas Primeiras 100 Palavras em Hunsriquiano). Juntamente com o professor Mabel Dewes, em 2004, eles convidaram cientistas alemães e especialistas ao Brasil para trabalhar em uma nova ortografia do dialeto. Isto deve ser mais adaptado à pronúncia do português para ajustar a ortografia do hunsriquiano rio-grandense ao tipo de escrita na região da América Latina.

Assim, a linguagem deve ser fortalecida e preservada para as futuras gerações para que permaneça, diz Dewes. A nova ortografia é usada agora nos jornais locais, nas revistas e nas histórias em quadrinhos para crianças.

– Ensino da língua materna –

 Em 2009, sucedeu-se a iniciativa de aplicar o ensino do hunsriquiano nas escolas primárias do município de Santa Maria do Herval, no Rio Grande do Sul . A professora Ursula Wiesemann, que tem trabalhado como especialista na nova ortografia, explica que é direito dos filhos de imigrantes alemães o de ser alfabetizado em sua língua nativa. Metade das classes e uma parte da alfabetização passou a ser agora realizada no hunsriquiano rio-grandense. Isso reforça a confiança das crianças que falam, principalmente na área de recreação, no dialeto local.

O sucesso da iniciativa pode ser visto também em outras áreas: em diversos jornais locais, Solange Hamester Johann escreve agora uma página própria de Hunsrück, três estações de rádio locais colocaram mais programas em hunsriquiano, e o padre católico da igreja prega no dialeto e, com isso, motiva até mesmo os coirmãos de outras igrejas.

Linguistas, como Solange Hamester Johann, Ursula Wiesemann e Cléo Altenhofen,
estão à frente do trabalho de ensino e preservação do hunsriquiano rio-grandense.

Em um Estado vizinho, chega-se mesmo a ir mais longe, para que seja introduzido o hunsriquiano como a segunda língua oficial auxiliar. Lá a língua será agora discutida em sala de aula e serão falados nos órgãos públicos o dialeto juntamente com o português. O próximo passo será entregar as aulas de hunsriquiano para além da quarta série e treinar professores nativos. “Por que o hunsrik é a língua germânica mais falada no Rio Grande do Sul e, mesmo assim, não está incluída no Censo?”, diz Solange Hamester Johann. Isso deve mudar em um futuro próximo.

Uma vez que agora existe, porém, uma ortografia adaptada ao português, o alto-alemão no Brasil vai-se perdendo cada vez mais. Enquanto o português é usado como base para discutir o hunsriquiano rio-grandense, o alto-alemão torna-se supérfluo. Os falantes nativos de alemão terão dificuldades para ler e entender o dialeto.

Assim, o hunsriquiano brasileiro acopla-se acada vez mais ao hunsriquiano falado na Alemanha. Por isso, a resistência vai se formando agora no Brasil: o linguista Cléo Altenhofen, considerado um especialista em hunsriquiano, exige uma ortografia para o hunsriquiano mais orientada para a ortografia da língua alemã.

No entanto, a iniciativa “Opção pelo Hunsrik” alcançou grande sucesso. Enquanto isso, há mesmo no Brasil uma tendência de outras línguas que surgiram a partir da imigração, e que ainda são dificilmente usadas na fala, servirem-se em algumas comunidades como língua cooficial. A tolerância para com os dialetos aumentou após a fase de imigração.

Sob o lema “Das is unsere chprooch!” (“Esta é nossa língua!”), há um blogue para leitura sobre o hunsriquiano rio-grandense, com pequeno texto em hunsriquiano e em português, e exercícios de gramática.

(Tradução de Ronaldo Santos Soares)
-------------------------------------------------------------------------------------------------
As construções de Santa Maria do Herval, no Rio Grande do Sul, são testemunho da influência cultural
dos imigrantes alemães que chegaram à região no século XIX.

* * *
– Um pouco mais sobre o hunsriquiano do Brasil –

O hunsriquiano é falado por aproximadamente um milhão de pessoas, nos Estados do Espírito Santo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Nas cidades de Antônio Carlos, em Santa Catarina, e de Santa Maria do Herval, no Rio Grande do Sul, a língua tem caráter cooficial ao lado do português.

A língua foi trazida por imigrantes alemães que vieram à região poucos anos depois da independência do Brasil, ocorrida em 1822. Por isso, a língua, vinda do baixo-alemão, tornou-se praticamente de fala restrita no sul do Brasil, enquanto na Renânia-Palatinado foi cada vez mais tornando-se predominante o alto-alemão, que é a base da língua alemã padrão.
.
 BOST, Bodo. Brasilien: Hunsrücker Platt wird zweite Amtssprache.
 Do sítio Volksfreund.de – seção Nachrichten, subseção Region – Hochwald.
 Tréveris, Renânia-Palatinado, Alemanha.
 Publicado em: 23 maio 2012.

[Fonte: ventosdalusofonia.wordpress.com]

sexta-feira, 24 de maio de 2013

COLONOS ALEMÃES DA FAMÍLIA KNIEBEL


Consta haver sido o primeiro colono dessa família NICOLAU KNIEBEL, que viajou para o Brasil no navio "Pampas", chegando ao Porto do Rio de Janeiro em 16 de outubro de 1845. 

Em 1859, NICOLAU KNIEBEL já possuía mulher e seis filhos, conforme "Relação dos colonos alemães vindos por conta do governo da província do Rio de Janeiro, e que existem atualmente em Petrópolis" publicada pela  Diretoria da Imperial Colônia de Petrópolis, em 27 de Dezembro de 1859 (Tribuna de Petrópolis, edição do dia 10 de janeiro de 1958).

Em Petrópolis, ele recebeu o Prazo de Terras nº 3.421, do Quarteirão Presidência.

domingo, 28 de abril de 2013


A FAMÍLIA DO COLONO ALEMÃO WEBER (1858)


José Kopke Fróes


"Fonte preciosa de informações sobre os primórdios de Petrópolis, 'O Mercantil'”, primeiro jornal de nossa terra, fundado em 3 de março de 1857, pelo lusitano Bartholomeu Pereira Sodré, nos dá notícia de tudo e de todos.

Não raro, encontramos naquele magnífico bi-semanário curiosidades dignas de serem transcritas, como a que, em homenagem à grande data petropolitana de 29 de junho, fazemos hoje, lembrando naquele trabalhador modelar a figura de muitos dos colonos que construíram nossa cidade.

De 'O Mercantil' de 9 de outubro de 1858:

“Causa verdadeiro prazer o visitar-se a colônia do Palatinato, pertencente ao alemão Weber. De quantas temos visto em Petrópolis, é esta a mais bem dirigida e a melhor aproveitada.
O terreno da colônia consta de duas porções distintas, uma plana e outra montanhosa e muito íngreme.

É naquela que o nosso alemão trabalha, fazendo as suas plantações de onde tira produtos para a sua subsistência e para a de sua família, constando de mulher e um casal de filhos.

Esta pequena planície, que orçamos em cerca de 3.000 braças quadradas, acha-se dividida em quarteirões apropriados aos diversos gêneros de cultura. Dois são para a plantação do centeio, um para a de aveia, uma boa porção para o plantio de batata e outra para a de hortaliças, flores, árvores frutíferas, etc.

As forças de que dispõe o colono são o casal de filhos para a horta e um cavalo ruço, sofrivelmente conservado, para o trabalho grande. Isto para o arroteamento e amanho das terras, feito industriosamente ao socorro de um pequeno arado, que é arrastado pelo ruço e dirigido pelo lavrador. Quer o cavalo, quer o senhor estão traquejados e provectos nesta espécie de serviços, entendem-se perfeitamente e vivem em paz e na melhor harmonia.

Há atualmente ali (1858) duas plantações de centeio, que cresce na altura de cinco palmos e acha-se todo espigado, sendo as espigas tamanhas e bem granadas como se fora na Europa. Esta espécie de cultura, pela sua novidade talvez, produz ao brasileiro uma curiosidade cheia de emoção e prazer, porque prova-lhe a riqueza da variedade do solo pátrio, - foi isto o que precisamente sentimos.

A horta está toda perfeitamente cultivada: há ali diversas qualidades de hortaliças e legumes, há uma excelente parreira, estendida em latada por uma larga rua, há flores lindas, muitos pessegueiros de qualidade, macieiras, etc ...

O terreno montanhoso é o quinhão reservado para o ruço, companheiro de trabalho do colono, e a produção de capim, para uma vaca que vive na estrebaria, por se achar presentemente em estado interessante.

A vivenda ou locanda da família é uma casa coberta de lousa de 30 palmos de largura e 60 de comprimento, dividida comodamente, e dentro da qual não falta a mobília, e onde o chefe da família tem uma excelente cama de cedro à moderna, perfeitamente acabada e envernizada para si e sua boa Eva.

Os trastes e esta cama são do trabalho de um filho marceneiro, que vive já sobre si.

Esta família vive feliz e goza saúde, está bem nutrida e vestida, vivendo ali mais feliz certamente que muitos Cresos.

Os filhos falam belamente o português, o pai muito mal e a mãe não pesca palavra.

Deus os proteja e sejam felizes para modelo entre colonos”.

(acervo de Gabril Kopke Fróes -http://earp.serraplanweb.com.br/site/earpgkf.htm)

sábado, 27 de abril de 2013


CURIOSIDADES – COMO VIVERAM OS PRIMEIROS COLONOS EUROPEUS QUE VIERAM PARA PETRÓPOLIS



Ao contrário do que se esperava, os colonos alemães que foram contratados para trabalhar na futura cidade de Petrópolis, e que lá chegaram em 1845, não eram especializados em obras, e nem agricultores, em sua maioria. Dentre eles haviam “muitos cozinheiros, músicos, pasteleiros, confeiteiros, sapateiros, alfaiates, bordadores e até dançadores de corda”.

A finalidade principal da fundação de Petrópolis foi “produzir para suprir a capital de diferentes espécies de frutas e legumes da Europa”. Segundo escreveu a viajante Ida Pfeiffer, em 1850, a idéia era fazer de Petrópolis parte de um verdadeiro “cinturão verde” da época, e “talvez Koeler imaginasse um pouco mais; um lugar de passagem e um entreposto comercial do Rio com Minas, Goiás e Mato Grosso; um centro agrícola, onde imigrantes europeus (alemães, diga-se) pudessem cultivar ‘os melhores produtos dos países temperados’ e uma residência de veraneio onde o Imperador e ‘a melhor sociedade’ do Rio encontrassem ‘um céu tão agradável e calmo como o do sul da Europa’. 

“Cedo, porém, o sonho do estabelecimento de uma colônia agrícola iria se dissipar”.

“Os lotes eram pequenos para exploração agrícola e o solo não se prestava para o plantio, a tudo acrescendo a pouca aptidão dos colonos para a agricultura, pois, como se viu, Delrue, o contratador na Europa, não selecionara imigrantes agricultores”.

“Uma descrição da época diz que ‘a localização da colônia não foi feita com discernimento para o que dela se esperava: compunha-se de pouca terra arável e de qualidade medíocre”.

“Enfim, não chegava a produzir para o próprio consumo, quando aqui esteve Tschud, em 1858”.

“No entanto, em 46, o presidente da província ainda estava esperançoso e, embora reconhecendo que as terras não eram próprias para as culturas já desenvolvidas no país, acentuava que eram ótimas para o feno e outras forragens, além do linho, do fumo, batatas e quase todos os cereais e árvores frutíferas da Europa”.

“Mas, já existiam na colônia - como ele diz – ‘dois engenhos de serrar, uma fábrica de cerveja, tratava-se do estabelecimento de outra de sabão; alguns colonos preparavam potassa e um alemão que se retirara da Corte tentava a criação do bicho da seda. Como se vê, tudo para consumo da própria colônia, exceto a cultura da amoreira, de que, aliás, não se teve mais notícia”.

“Salvava-se a floricultura e a chamada lavoura branca, com Jean Baptiste Binot à frente. Aliás, anos mais tarde ele iria ser premiado nas Exposições de Antuérpia e de Paris, com os produtos da sua chácara petropolitana”.

“Em 58, organizou-se uma Sociedade de Agricultura e Indústria, que procurou manter contato com congêneres estrangeiras. Mas, a colônia, como agrícola, falhou, desde logo”.

“Porém, até hoje, ainda restam alguns vestígios dos primitivos propósitos dos fundadores: no Caxambu (Quarteirão Suiço), lusitanos dedicados entregam-se à pequena lavoura e a floricultura é uma atividade ponderável. Não falemos em S. José ou Pedro do Rio, mas as chácaras da Flora Lusitana, dos descendentes de Paulo Wahner, dos Lobo, todas no centro urbano, afora a propriedade dos descendentes de Binot, e outras poucas mantém para Petrópolis o nome de Cidade das Flores. E vale acentuar que temos talvez uma das mais valiosas coleções de orquídeas do mundo, na propriedade de Guilherme Guinle”.

“E por falar em orquídeas, lembremo-nos que o Palácio de Cristal, na Praça da Confluência, foi encomendado na Europa, especialmente para servir de local para exposições de flores. Promovida pela Associação Hortícola a que aludimos, o primeiro certame nacional da espécie teve lugar naquela praça em 1875, sob os auspícios da Princesa Isabel. Repetiram-se as exposições e, em 84, foi o Palácio inaugurado com a 4ª exposição. Em nossos dias, chegou a voltar a servir à sua finalidade”.

“Não fossem as obras coloniais mantidas pela Província - que muito representaram para o futuro de Petrópolis - e que deram trabalho e ganho aos colonos, talvez a nossa cidade tivesse definhado, sem que isso queira dizer que desaparecesse. Talvez tomasse outro rumo, não tão brilhante”.

“Falhada a colônia agrícola, houve crise e muitos colonos foram até buscar trabalho noutras plagas. Mas a terra - a que o europeu principalmente tem um apego extraordinário - era um imã. É que, embora não tivessem a propriedade plena - como nós não temos hoje - eram, no entanto, donos na expressão prática - como nós somos hoje. E, afinal, eles não distinguiam sutilezas jurídicas ... Por isso, voltavam sempre e suas habilitações os iam inclinando para o artesanato”.

“As primeiras atividades industriais, por assim dizer, estão ligadas à construção. Em 46, D. Pedro mandara construir um engenho de serra, movido a água, para facilitar a obtenção de madeira para as construções. Em 48, as casas totalizavam mais de 600 das quais perto de 500 cobertas de taboinhas, em cuja confecção eram peritos certos colonos”.

“No ano seguinte o diretor da Colônia, coronel Justiniano na Silva Pimentel, sugere o estabelecimento de diferentes ramos de indústria, procurando também proporcionar empregos aos colonos. Dentre as sugestões destacam-se a de uma oficina para forjar metais, aproveitando sucata; uma fábrica de instrumentos para arar; uma fábrica de ferraduras, cravos e pregos (porque aqui passavam tropas para o interior); uma fábrica para extrair óleo de mamona e outras plantas oleaginosas”.

“Mas já haviam 5 hotéis, 36 armazéns, 5 padarias e 4 açougues, além de oficinas de marceneiros, ferreiros, sapateiros, de fabricantes de carros e outras”.

“Os hotéis - os três primeiros fundados entre 47 e 48 - localizavam-se na rua do Imperador (atual Avenida 15). 

“José Kopke Fróes descreve o Bragança - o principal – ‘com 92 quartos, refeitório para 200 pessoas, salões para baile, teatro, jogos, etc”. Junto, o Hotel de França, antigo Império, que foi absorvido. O Bragança era um magnífico estabelecimento, muito elogiado por todos os europeus que nos visitavam e que cobrava a elevada diária de 5 mil réis por pessoa ... Foi construído por um médico francês - Tomás Charbonnier, sendo administrado por sua esposa. Teve diversos proprietários e funcionou até 1924, quando foi demolido, levantando-se em seus terrenos os prédios da Ótica, Gráfica Petrópolis, Banco do Brasil, todos os da rua Alencar Lima, Banco Predial e Hotel Rio Petrópolis. Na parte térrea, existiam numerosas lojas, sendo ali instalada grande parte do comércio primitivo da cidade”.

“Aí temos outro, o Hotel Suiço, fundado por Francisco Chiffele. Foi o primeiro a se estabelecer e quem o construiu foi Koeler. No local, levanta-se hoje o prédio dos Correios”.

Havia também “O Bar e Hospedaria de João Meyer, um dos alemães do Justine. Vendia boa cerveja e sua casa era ponto de reunião dos colonos, que, depois, o elegeram para a Câmara Municipal”. 

“Depois surgiram outros, como o Hotel Moss, em 49, na rua Joinvile; (e) o Hotel Inglês, de Carpenter, na rua Paulo Barbosa, parte velha do Crédito Móvel”.

“E não esqueçamos da casa da fazenda, que foi Hotel Mac Dowall, depois Mills, mais tarde Pensão Macedo e Pensão Geoffroy, já em nossos dias, quando, lamentavelmente, foi demolida”.

Outro estabelecimento de destaque era o “Hotel Oriental, de Said Ali, mais tarde Europa. Era o hotel dos recém-casados, que ali vinham passar a lua de mel. O arquiduque Maximiliano hospedou-se nele - (aquele que seria Imperador do México e morreria nas mãos das tropas de Juarez)”.

“Finalmente, o prédio da nossa Universidade, que, nos seus primeiros dias foi o Hotel Orleans”.

“Muitos hotéis, de fato. Mas, as comunicações eram difíceis. Nos primitivos tempos da Colônia, para se vir a Petrópolis, tinha de se fazer uma verdadeira viagem. Na Praia dos Mineiros tomava-se um barco a vela e remos e seguia-se até o porto da Estrela. Sete horas de viagem, porque geralmente faltava vento e os braços escravos tinham de entrar em ação. Pernoitava-se em Estrela, numa das duas estalagens locais e, no dia seguinte, seguia-se serra acima por mais cinco horas a cavalo ou carro, fornecidos por Albino José Siqueira. A viagem custava 6 mil réis”.

“A Colonia arrastava-se, quando as obras de abertura da União e Indústria vieram injetar sangue novo nas combalidas finanças dos colonos. A Estrada Normal prosseguiu para o interior; a 12 de abril de 1856, teve lugar, em Petrópolis, a solenidade do início da construção da via que se destinava a servir de união da província de Minas com a Corte e, ao mesmo tempo, um meio para servir à Indústria. O traçado era diverso do caminho de Bernardo Proença, pois acompanhava o Piabanha pela margem esquerda e o trecho da serra era outro. Todos os requisitos da técnica de então foram empregados, inclusive o revestimento do seu leito de mais de 7 metros, com pedra britada, de acordo com os princípios do escocês John Mac Adam - o calçamento a macadame. Era a estrada de Mariano Procópio Ferreira Lage, que, à medida que avançava para o interior, ia criando estações e entrepostos, que retinham o comércio antes que atingisse Petrópolis; assim, a função de Petrópolis como entreposto comercial ia se apagando, mas a estrada compensava, porque nela se empregavam os colonos, desiludidos de sua atividade agrícola. Em 58, foi inaugurado o primeiro trecho, da Vila Teresa a Pedro do Rio. As diligências começaram a trafegar regularmente no mesmo dia. Inicialmente, duas - uma para 16, outra para 8 passageiros. Duas outras, porém, estavam para chegar da Inglaterra.
A Praça das Diligências - hoje Praça Dr. Sá Earp tinha um grande movimento. Saía-se da Corte às 6 da manhã e, ao meio dia, estava-se em Pedro do Rio.
Em 61, a estrada atingiu Juiz de Fora. O percurso era feito em 12 horas e a Mazeppa - que se encontra exposta neste Museu - a Favorita, a Amazonas e a Traviata prestavam grandes serviços”.

“As estalagens e os pontos de muda multiplicavam-se. Em Paraibuna existe, ainda, o antigo prédio que serviu de estação de muda e restaurante, no tempo das diligências”.

“Um pouco antes, em abril de 54, Irineu Evangelista de Souza - o grande barão de Mauá - inaugurara o trecho inicial da primeira via férrea do Brasil: a de Petrópolis.

“Mauá, com a sua genialidade comercial, lograra a concessão para a sua Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. As obras começaram em 52 e a seção inaugurada dois anos depois ia do porto de Mauá até Fragoso, próximo à Raiz da Serra. D. Pedro e D. Cristina percorreram os 16 quilômetros do percurso em 23 minutos, puxados pela histórica locomotiva Baronesa. No mesmo dia, Irineu Evangelista recebia o título de Barão de Mauá”.
“Mauá tinha projetos magníficos e disse na ocasião: ‘Este caminho de ferro, Senhor, não será destinado a circunscrever-se dentro dos atuais limites: e se me é lícito contar com a proteção de V. M. I., ele certamente não terminará sem que sua mais vasta estação seja colocada na margem esquerda do rio das Velhas”.

“Em 56, os trilhos atingiram a Raiz da Serra, para ali ficarem muito tempo, a serra continuava a ser o grande obstáculo - tão grande que o marquês do Paraná, ao ouvir os planos de Mauá, quanto à instalação da cremalheira, gracejou dizendo: ‘Você pensa que caminho de ferro é cabrito, para subir montanha ...”

“Porém, a Companhia fundada por Mauá conseguiria colocar a locomotiva na serra, em 83, e completar a ligação Rio-Petrópolis, graças aos engenheiros Joaquim Lisboa, Marcelino Ramos e ao petropolitano Miguel Detsi”.

“Até então, completava-se a viagem, a partir de Raiz da Serra, por meio de diligências, liteiras, cabriolets e carros, cujos cocheiros eram quase sempre alemães de Petrópolis. Gastava-se na viagem toda 4 horas: hora e meia de barca; meia hora de trem e duas horas de carro”.

“Em 56, Mauá informava aos acionistas que haviam transitado na linha férrea mais de 30 mil passageiros, produzindo uma renda aproximada de 127 contos.
A verdade, porém, é que o traçado era antieconômico, pois as rampas eram muito acentuadas. A Estrada de Ferro Pedro II, hoje Central, evitando o itinerário mais direto para vencer a serrania e passando por Paulo de Frontin e Rodeio, mais longo, porém menos íngreme, trafegava com 10 e 12 vagões, enquanto a Príncipe do Grão Pará só podia levar 2 ou 3”.

O Barão de Mauá possibilitou “um grande impulso para Petrópolis”.


“Em 1910, foi suprimido o serviço de barcas, mas o trem de ferro continuava a transportar mercadorias e veranistas. E tivemos - socialmente - o trem dos maridos, o célebre trem das 6, quando toda Petrópolis elegante desfilava na velha estação, da já então Leopoldina Railway, que adquirira a estrada. No Rio, os trilhos foram prolongados até a Praia Formosa. O Porto de Mauá feneceu, como fenecera o de Estrela”.

...

“Como se viu, a União e Industria e a Estrada de Ferro trouxeram imensas possibilidades ao burgo que D. Pedro II plantara no alto da serra da Estrela.
O clima seria, paralelamente, um fator coadjuvante do desenvolvimento”.

“Em 1849, implantou-se a febre amarela no Rio. Atacava mais nos meses de verão por causa das chuvas, das poças d’água e consequente mosquitos. Os cariocas procuraram a serra para fugir ao flagelo nos anos seguintes. O Corpo Diplomático a pretexto de acompanhar o Imperador, que, desde 1847, passara a veranear em Petrópolis, também para aqui se transferiu. Isso tudo explica aqueles hotéis, de que já falamos”.

Esses visitantes forçados, gastavam e também acabaram enamorados da cidade, como de regra sucede a todos que aqui vem. Começaram a aplicar capitais, construindo residências e iniciando negócios e, como é óbvio, os colonos foram beneficiados”.

“A sua indústria incipiente (a de queijo e manteiga foi renomada), foi se diversificando”.

“Quanto ao comércio, José Kopke Fróes, em dois artigos na “Tribuna”, assinala que, por volta de 1850, o comércio local era idêntico ao que se encontra nas pequenas vilas do interior. Casas que vendiam tudo. E, dentre os comerciantes podiam ser indicados Baltazar de Souza Machado, Justino de Faria Peixoto, Barterls & Wismer, Vitorino Rodrigues Figueiredo”.

“Um dos fundadores da Fábrica Renania, José Martins Corrêa, foi inicialmente comerciante, de sociedade com um irmão. Havia também Andreas Flaeschen, na rua do Imperador”.
“A atual Padaria das Famílias é a mais antiga da cidade, e foi fundada em 54, por José Tomé. A primeira que se abriu ao publico foi a de Vitorino Figueiredo, onde hoje é a Superball”.

“Curioso é que o negócio de padaria prosperava, embora as famílias alemães e seus descendentes possuíssem cada qual o seu forno no quintal, produzindo o delicioso ‘pão alemão’”.

“Os Almanaques Laemmert - preciosa fonte de consulta sobre os primeiros tempos de Petrópolis e de que se valeu Fróes - mencionam várias”.

“A Botica do Mota - a atual Farmácia Central, teve sua origem na rua Paulo Barbosa em 1850, com José Antônio de Carvalho, depois instalou-se na Praça das Diligências, já com José de Oliveira Mota de Azevedo, para final fixar-se onde se encontra, com passagem por vários donos, Galdino Ferreira da Costa, Monteiro e Martins, Monteiro e Werneck, que venderam á firma atual”. 

“Existia também outra farmácia, de José Pinto da Silva Junior, na rua do Imperador”.

“Os Rittmeyer - Carlos e Augusto - fundaram, em 1850, uma joalheria e relojoaria na rua Bourbon (João Pessoa). É o estabelecimento comercial mais antigo de Petrópolis e ainda hoje funciona galhardamente sob a direção de herdeiros dos fundadores”.

“José Sieber era gravador habilíssimo. Seus trabalhos podem ser vistos no Museu Imperial e, na Exposição do Colono, promovida pelo Instituto Histórico, recentemente, estiveram em evidência. Por sua causa, o diretor da Colônia em 57, Sérgio Marcondes de Andrade, sugeria o estabelecimento de uma fábrica de vidros, para aproveitar a fonte de matéria prima de cristal da Mosela”.

“Outro grande artista era Carlos Spangenberg - que além de agricultor e construtor, dedicou-se à escultura em madeira e osso, produzindo, entre outras obras de arte, as célebres bengalas de Petrópolis, conhecidas até na Europa. Suas obras foram premiadas em exposições de Londres e Paris”.

“Possuía, ainda, a Colônia, um estatuário, o italiano Luigi Boronto”.

“Outro gravador, era Eugênio Coulon”. 

“E quando a fotografia engatinhava, em 77 Pedro Hess dedicou-se à arte, tirando fotos célebres”.

“Haviam os comissários, que remetiam café recebido das fazendas próximas a Petrópolis para o Rio. 300 mil arrobas passaram num só ano por Petrópolis”.
“Três açougues abasteciam a população em 50: o de Tomás Tavares Bastos, o de Jacques Chevalier e o de Biot. Note-se a presença de vários nomes franceses nos primeiros tempos de Petrópolis. Com a indústria, depois de 70, iriam chegar os italianos. Os portugueses eram da casa e os sírios estão sempre em toda a parte do mundo”.

“Voltando aos açougues, em 54, aparece mais um francês no ramo: o senhor Vernescout”. 

“Não sei o que houve, mas, em 58, há a intervenção do poder público na atividade privada desse ramo, abrindo-se um açougue público, no n. 5, da rua do Imperador. André Kozlowski esteve estabelecido mais de 40 anos, desde 59, na rua do Imperador 31, com um açougue que era procurado por todos quantos visitavam Petrópolis para levar para o Rio as afamadas linguiças e salsichas de Petrópolis”.

“Em 57, Petrópolis possuía 63 estabelecimentos comerciais, e em 58, 86 oficinas”.
“Os calçados de Petrópolis sempre tiveram fama. Eram feitos sob medida e de 50 a 54 vamos encontrar 6 especialistas”.

“Carlos Taul era o único alfaiate da Colônia até 52. Depois, houve inflação de artistas da tesoura”. 

“Os fígaros não tinham grande futuro: as barbaças eram moda. Por isso Antônio Duarte Ferreira e José Pinto de Oliveira estiveram sozinhos até 59”.

“Os Schaeffer estiveram estabelecidos desde 54 até 1912 com uma casa de ferragens no hoje principal ponto da cidade - o D’Angelo”.

“O comércio, depois da era da Colônia, foi se desenvolvendo com relativa lentidão”.

“Petrópolis era bucólica, serena, com uma fisionomia urbana própria, convidando ao repouso, ao retiro e ao aconchego”.

“O comércio acompanhava o ritmo. Mesmo porque não obtinha crédito fácil. Sem crédito, não há atividade econômica ponderável. Haja vista que o primeiro banco instalou-se em Petrópolis só em 95 - era o Banco do Estado do Rio, dos Franklin Sampaio, (na esquina do Banco Construtor) que funcionou até 1911, a filial da Caixa Econômica, em 1911, o Banco Alemão Transatlântico-filial, em 1913 (onde é a Padaria Elite)...”

“Antes, só uns poucos correspondentes, sem autonomia, para fazer cobranças, principalmente. O Banco Popular de Petrópolis, de que era gerente Euclides Raeder, funcionou entre 18 e 19. E o Banco de Petrópolis - uma sociedade cooperativa, fundada em 19 e que funcionou até 1931 - desempenhou uma grande função. Tinha à frente, quando se organizou, os srs. Seabra, Condé e, como presidente, o dr. Eugênio Barcelos. Este passou a presidência logo depois ao sr. Osório Magalhães Sales. O Banco faliu 12 anos depois e tudo resultou de uma precipitação, pois basta dizer que o Banco, na falência, pagou 75% aos credores. Vieram depois os bancos mineiros que aí estão, sendo que o Banco do Brasil instalou-se em 1932 no prédio do ex-Banco de Petrópolis.
A menção das datas foi necessária para se compreender porque o comércio não se desenvolveu convenientemente até 30”.

“Quando os veranistas subiam, acompanhando o Imperador - mais tarde o presidente - ou fugindo à canícula e a febre amarela, o comércio se animava: tinha de ganhar para sustentar a queda dos negócios nos oito ou nove meses seguintes”.

“A Corte era próxima e quem subia para a temporada comprava na Capital.
Assim mesmo, a presença de uma população requintada, determinava atividades novas e o comércio de gêneros alimentícios e de objetos de consumo tinha de atender ás necessidades imediatas dos veranistas. Por seu turno, a população local constituía um mercado consumidor pequeno. O recenseamento de 72, acusou 15 mil habitantes em todo o município, inclusive distritos”.

“A verdade, porém, é que a população não era abastada. Morigerados, os alemães e seus descendentes estabeleciam o gabarito de uma vida simples e sem desperdício”.

...

“Quanto à indústria, já se viu que o artesanato dominou os primeiros anos da vida petropolitana”.

“Os colonos tiveram de fazer tudo, quando aqui chegaram e, felizmente, entre eles havia magníficos artífices”.

“Desde logo, a necessidade de móveis faz surgir as fábricas de móveis e as oficinas de marceneiros, numerosas. Dentre eles, lembraremos alguns, cujos descendentes ainda se encontram entre nós, como Conrad Vogt, José Zimmerman, Guilherme Nicolay, Theodoro Eppinghaus”.

“A Casa Gelli surgiu em 1897”.

“Thomaz Holden fornecia tijolos e telhas, inclusive para as obras do Palácio.
Henrique Krammer, com as suas taboinhas, fazia concorrência ás telhas, tendo Carlos Lange a disputar a mesma clientela, com as suas coberturas de zinco. Krammer, ainda, se encarregava de coberturas de vidro e fabricava cerveja.

“Frederico Eppelscheiner encarrega-se de fornecer artigos de serralheria e Nick Eshternacht, N. Faulhaber e Augusto Shoen fabricavam carros”.

“Os facões e instrumentos semelhantes eram fabricados e afiados por João Nicolleau e Julio Geolais tomava a si a responsabilidade de zelar pelo conforto dos colonos, provendo-os de colchões e móveis estofados”.

“Os colonos, depois de um dia estafante, necessitavam distrair o espírito e, assim, em 58, iam jogar bilhar na casa de João Descheper, na Praça das Diligências. Ali tomavam a sua cerveja, que era fabricada inicialmente por Carlos Rey & Cia., na Vila Teresa, e, depois, também por Augusto Chedel e Henrique Leiden. Timóteo Duriez e Pedro Gerhardt também fabricavam cerveja. Aliás, neste assunto de cerveja, é curioso assinalar que, em 53, as duas fábricas de Carlos Rey e Chedal produziam 6 mil garrafas por ano.


(CLAUDIONOR DE SOUZA ADÃO, Viação, Indústria e ComÉrcio, acervo de Gabriel Kopke Fróes -http://earp.serraplanweb.com.br/site/earpgkf.htm)

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A FAMÍLIA DO COLONO FREDERICO EPPELSHEIMER







sexta-feira, 19 de abril de 2013

OS COLONOS DA FAMÍLIA HEHN



Conforme consta da "Relação dos colonos alemães vindos por conta do governo da província do Rio de Janeiro, e que existem atualmente em Petrópolis", expedida pela  Diretoria da Imperial Colônia de Petrópolis, em 27 de Dezembro de 1859, publicada na Tribuna de Petrópolis, edição do dia 1o de janeiro de 1958, dentre as 362 famílias de colonos que então ali se encontravam, havia a de JOSÉ HEHN, que imigrou da Alemanha acompanhado de sua mulher e de três filhos, e Paulo Hehn, solteiro. 

Ao colono PAULO HEHN coube o Prazo de Terras nº 3411, do Quarteirão Presidência, enquanto a JOSÉ HEHN, o de nº 1415 do Quarteirão Renânia Inferior.

Segundo o professor Jeronymo Ferreira Alves Netto (1), o descendente de colono PEDRO HEHN, cuja filiação ainda ignoro, era empreiteiro experimentado, tendo dado início às obras de construção da Igreja de Santo Antônio do Alto da Serra, inaugurada em 25.6.1905, edificada em terreno adquirido do Sr. Manoel Joaquim Valladão, com uma área de 100 metros de frente por 100 metros de fundo, que, entretanto, teve que se afastar de suas atividades em decorrência de enfermidade de sua esposa.

Outro descendente ilustre foi a Irmã de caridade MARIA JOSEFA WEBLER, nascida Catarina Isabel Webler, aos 24/01/1886, em Petrópolis, filha de JOHANN WEBLER e de CATHARINE HEHN, tendo como avós paternos os colonos GEORG CHRISTIAN WEBLER e CATHARINE BULBACH e, maternos, os colonos JOSEPH HEHN e ANNE MARIE JOHANN. Tendo ingressado em 14/07/1908 na Congregação, em 05/01/1909 foi admitida ao noviciado, e, em 19/04/1911, professou os Votos Perpétuos, ocorrendo em 18/04/1971 o seu jubileu de diamante. A Irmã Josefa era costureira e, durante muitos anos, confeccionou paramentos e alfaias para a Capela do Colégio Santa Catarina e para muitas outras Capelas e Igrejas de Petrópolis, até seu falecimento, com 86 anos de idade, em 13/03/1973, em Petrópolis, tendo sido sepultada no jazigo perpétuo da Congregação das Irmãs de Santa Catarina, no Cemitério Municipal de Petrópolis (2).



(1) Instituto Histórico de Petrópolis
(2) Acervo Histórico de Gabriel Kopke Froes


quarta-feira, 10 de abril de 2013


Pela ordem, a imigração alemã vinda para o Brasil foi a seguinte: 




1) 1818 - Nova Friburgo, RJ: colonos suíços do cantão Friburgo, da Suíça alemã na área que denominaram Nova Friburgo, no reinado de D. João VI.
2) 1818 - Ilhéus, BA: 165 famílias alemãs, em Ilhéus, Capitania da Bahia, para cultivar fumo, cacau e cereais. 
3) 1819 - São Jorge, BA, cerca de 200 famílias alemãs, instaladas no norte da Capitania da Bahia. 
4) Colonos da Fazenda Mandioca, ou seja, 40 famílias alemãs que foram contratadas para trabalhar na Fazenda Mandioca, tendo sido os primeiros colonos "braços livres" a trabalhar numa fazenda, no Brasil. 
5) Contratados do major Schaeffer: mercenários trazidos da Alemanha, para formar o "Corpo de Tropas Estrangeiras", no Exército Brasileiro, imediatamente após a proclamação da Independência, através do médico Anton Von Schaeffer, chegado no Brasil em 1821 e nomeado major da Guarda Imperial, pelo imperador D. Pedro I. Formaram dois batalhões de caçadores e dois de granadeiros. Os contratados, dois tenentes engenheiros, que foram incorporados ao Exército Brasileiro, por não haver uma unidade de engenharia no Corpo de Tropas Estrangeiras: os tenentes Halfeld e Koeler, que foram, respectivamente, fundadores de Juiz de Fora e de Petrópolis. 
6) Colonos evangélicos (264 colonos trazidos pelo mesmo major Schaeffer, que iriam para o Sul do Brasil, mas foram instalados perto do morro de Queimados, na Serra do Mar). 
7) 1824 - São Leopoldo, RS: a segunda expedição de colonos trazida pelo major Schaeffer, em 1824, mandados para o Rio Grande do Sul, tendo sido instalados onde hoje são as cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e outras. Nessa região aconteceu a estúpida batalha, cujo relato ganhou o nome de Os Muckers. 
8)) 1824 - Três Forquilhas, RS: terceira expedição de colonos enviados pelo major Schaeffer, que fundaram a colônia de Três Forquilhas, também no Rio Grande do Sul. 
9) 1825 - Torres, RS: provavelmente a última leva que o major Schaeffer trouxe para o Brasil. 
10) 1829 - Santo Amaro, SP: alojados na cidade do mesmo nome, no Estado de São Paulo. Esses, na verdade, foram alojados no meio da selva, naquele momento, por exigência dos fazendeiros escravocratas, que não os queriam próximo dos escravos. 
11) 1829: Colonos Itapecerica, alojados onde hoje se situa a cidade do mesmo nome, pelos mesmos motivos acima. 
12) 1829: Colonos São Pedro de Alcântara. Eram parte de uma expedição destinada ao Rio Grande do Sul, e fundaram a Colônia São Pedro de Alcântara, em Santa Catarina. Mais tarde, em 1846, para ela foram mandados 300 colonos que estavam no Rio de Janeiro, abandonados.
13) 1829 - Itajaí Grande, SC: segunda expedição chegada em Santa Catarina, também parte de uma expedição mandada ao Rio Grande do Sul, que foi alojada na foz do Rio Itajaí, onde foi fundada a cidade com esse nome.
14) 1835 - Itajaí Pequeno, SC: a terceira a desembarcar em Santa Catarina, tendo se alojado na margem do rio Itajaí Pequeno. 
15) 1837: Colonos Justini: 283 colonos, que se revoltaram pelas condições de viagem no veleiro francês "Justini", que se destinava a Sydney, Austrália, e desembarcaram no Rio de Janeiro, tendo sido alojados no Caminho das Cabras, na serra da Estrela, em Petrópolis. 
16) 1839: Companhia de Operários, ou seja, 196 artífices e suas famílias, destinados ao Recife, para remodelar a cidade. 
17) 1839: Batalhão de Polícia do Pará, ou seja, 800 soldados mercenários contratados para enfrentar os revoltosos da Cabanada; vitoriosos, transformaram-se no 1o Batalhão de Polícia do Pará. 
18) 1845: Colonos Petrópolis, ou seja, 1.818 colonos alemães que se estabeleceram na fazenda Córrego Seco, de propriedade de D. Pedro II. 
19) 1847: Colonos Santa Isabel, no Espírito Santo, alojados em condições tão terríveis, que inspiraram a Graça Aranha seu romance Canaã. 
20) 1847: 80 famílias contratadas pelo Senador Vergueiro, em São Paulo, para trabalhar em sua fazenda, em regime de meação.
21) 1848: Colonos Macaé (os sobreviventes de 600 famílias importadas pelo governo da província do Rio de Janeiro, abandonadas em Niterói, que foram alojados em Macaé).
22) 1848: Colonos Valão dos Veados (outra parte desses mesmos sobreviventes de 22, que foram alojados na localidade de Valão dos Veados
23) 1848: Colonos Leopoldina: mais colonos que chegaram no interior de Santa Catarina, onde fundaram a Colônia Leopoldina.
24) 1849: Colonos Santa Cruz: contratados pelo governo imperial, fundaram a colônia Santa Cruz, no interior do então São Pedro do Rio Grande do Sul
25) 1850: Colonos Blumenau (Colônia São Paulo de Blumenau, fundada por Hermann Bruno Otto Blumenau)
26) 1851: Colonos Dona Francisca (em terras pertencentes a irmã do imperador, Dona Francisca, esta contratou a Sociedade Colonizadora Hamburguesa para colonizar a área, na divisa do Paraná com Santa Catarina. Das diversas cidades que resultaram desse empreendimento, a mais importante foi Joinville).
27) 1851: Tropa Mercenária (tropa de 1.800 homens, com 80 oficiais, que se compunha de um batalhão de infantaria com seis companhias, um grupo de artilharia com quatro baterias e duas companhias de sapadores, contratada do norte da Alemanha pelo governo imperial para combater Manoel Rosas, sob o comando do então Conde de Caxias, que se fixaram no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, após terminada a missão).
28) 1852: Colonos de fazendas (na Fazenda Santa Rosa, do Barão de Baependi, 132 colonos; para a Fazenda Independência, de Nicolau A. N. da Gama, vieram 172. A Fazenda Santa Justa, de Brás Carneiro Belens, ficou com 155 colonos. Destinaram 143 para a Fazenda Coroas, de M.N. Valença. Para a fazenda Martim de Sá, de João Cardoso de Meneses, 67). Em 1861, na inauguração da estrada de rodagem União Indústria, todos eles vieram para Juiz de fora.
29) 1855: Colonos Rio Novo (quando chegaram à província do Espírito Santo, foram alojados nas selvas do Rio Novo, onde muitos foram trucidados pelos índios ou pelas feras.
30) 1856: Colonos Santa Leopoldina (compostos por colonos alemães e suíços, no Espírito Santo) - resultaram nas colônias de Jequitibá, Santa Maria, Campinho, Califórnia, Santa Joana, Santa Cruz e 25 de Julho.
31) 1856: Colonos Mucuri (contratados por Teófilo Ottoni, chegaram em Nova Filadélfia, no Vale do Mucuri, os primeiros colonos alemães para Minas Gerais). Maria Procópio havia trazido, em 1856, cerca de 250 alemães, especialistas em pontes de ferro, mecânica, carpintaria, ferraria, construção; em 1858, trouxe mais 508 mulheres e 636 homens, incluindo crianças e bebês. Desses últimos, 641 eram católicos e 503, luteranos. 
32) 1857: Colônia Santo Ângelo, chegaram em 01 Novembro 1857 as primeiras famílias, a maioria prussiana, que se estabeleceram na região do hoje município de Agudo, RS.
33) Colonos de D. Pedro II: diz respeito a Mariano Procópio e à história de Juiz de Fora. O primeiro embarque aconteceu na barca Teel, que saiu da Alemanha em 21 de abril de 1858, com 232 colonos (116 homens e 116 mulheres; do total, 145 protestantes e 87 católicos ) para a Companhia União e Indústria, tendo chegado ao Rio em 24 de maio. O segundo aconteceu em 25 de junho de 1858, também no Rio, com a barca Rhein: 182 colonos de ambos os sexos. O terceiro desembarque no Rio ocorreu em 25 de julho de 1858, trazendo 285 colonos na barca Gundela. O quarto, em 29 de julho de 1858, trouxe 249 imigrantes, pela barca Gessner. O quinto e último foi pela barca Osnabrück, que chegou em 3 de agosto de 1858, com 215 colonos.

Fontes:
1) Luiz José Stehling, JUIZ DE FORA, A COMPANHIA UNIÃO E INDÚSTRIA E OS ALEMÃES, 1979, edição da Prefeitura de Juiz de Fora, FUNALFA. 
2) Paulino de Oliveira, HISTÓRIA DE JUIZ DE FORA, 2a. edição, 1966 (creio que seja edição do autor, porque só consta a gráfica: Gráfica Comércio e Indústria Ltda., Juiz de Fora). 
3) Jair Lessa, JUIZ DE FORA E SEUS PIONEIROS (DO CAMINHO NOVO À PROCLAMAÇÃO) - Ed. UFJF e FUNALFA, 1985. 
4) Oswaldo R. Cabral, HISTÓRIA DE SANTA CATARINA, 2a. edição, UFSC, 1970).



A Literatura da imigração alemã e a imagem do Brasil 



Prof. Dra Valburga Huber – F. Letras/UFRJ



Para melhor se entender a literatura teuto-brasileira, temos que colocá-la no contexto histórico da imigração e colonização alemã no Brasil. Seguindo estudos de Giralda Seyferth, vemos que os alemães participam do processo de colonização desde a fundação da primeira colônia na Bahia, em 1818, e o fluxo imigratório estende-se de 1824 à década de 1930. Apesar de sua presença significativa em cidades como São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, a maioria encontra-se engajada em projetos baseados na pequena propriedade familiar, nas zonas rurais. 

A vinda da corte portuguesa para o Brasil em 1808, abre espaço para a atuação de estrangeiros no mercado brasileiro e, assim, os primeiros alemães que podem ser classificados como imigrantes, se estabelecem no Rio de Janeiro já a partir desta época. Estes imigrantes, de inserção urbana, fundam, em 1821, a ''Gesellschaft Germania'' – a mais antiga associação cultural e recreativa de caráter étnico surgida no país, sendo mencionada por Oberacker Jr. (1968) e Fouquet (1974) (3).

A partir de 1824, grupos de imigrantes de língua alemã chegam ao sul do país, época da fundação da colônia agrícola de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, marco inicial do processo de colonização alemã. Os alemães passam a entrar sistematicamente no Brasil na segunda metade do século XIX. Willems (4), por exemplo, leva em conta a etnia definida lingüisticamente para chegar ao número máximo de 280 mil imigrantes de língua alemã para o período de 1880 a 1940. Esse número inclui também imigrantes da Áustria, Rússia, Polônia, Tcheco-eslováquia e Suíça. 

O critério lingüístico de Willems leva a pensar em uma homogeneidade étnica, obscurecendo a diversidade representada pelas identidades regionais e procedências nacionais, em parte mantidas no Brasil, como o caso dos pomeranos no Espírito Santo, dos hunsrücker no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dos badenses em Santa Catarina, dos teuto-boêmios no Rio Grande do Sul, além dos grupos teutos do Leste europeu fixados no Paraná. A diversidade regional reduz-se, porém, através da participação conjunta no processo de colonização e de constituição de uma nova etnicidade no Brasil. 

A relevância desta imigração nada tem a ver com o número de imigrantes, que é muito menor do que o dos grupos vindos de países latinos como a Itália, Espanha e Portugal. Sua importância no contexto imigratório brasileiro, contudo, tem a ver com a forma de participação no povoamento dos três estados do sul do país, que ocorre em zonas pioneiras, e com a formação cultural de comunidades com traços específicos. 

Esta especificidade étnica, visível também na organização comunitária dos imigrantes que se dirigem para centros urbanos, chama a atenção dos nacionalistas brasileiros e cria situações de conflito que perduram até a década de 1940, tendo os pontos altos mais críticos sido alcançados, naturalmente, na época das duas Guerras Mundiais. 

Na primeira fase da colonização, os primeiros imigrantes alemães destinados a projetos agrícolas, que chegam em 1818 para fundar a colônia Leopoldina na Bahia, fracassam. Outra tentativa de colonização anterior à Independência, ocorre na região serrana do Rio de Janeiro, com a fundação de Nova Friburgo, em 1819, por imigrantes suíços. Em meio a grandes dificuldades, a maioria destes se retira para outros lugares e, em 1824, a colônia recebe cerca de 350 imigrantes alemães. É, contudo, no ano de 1824 que acontece o ''fato inaugural'' da colonização alemã no Brasil – com a fundação da colônia de São Leopoldo no Rio Grande do Sul, por ser considerada o primeiro empreendimento bem sucedido desta natureza. Mais tarde, em 1829, a fundação das colônias de São Pedro de Alcântara e Mafra (Santa Catarina) e Rio Negro (Paraná) encerra a primeira fase da imigração alemã. A guerra civil no sul – Revolução Farroupilha – interrompe o fluxo imigratório apenas iniciado, que só é retomado na década de 1840. 

Em 1845 reiniciam-se os assentamentos com a fundação de Petrópolis, no Rio de Janeiro e, no sul isto ocorre em solo gaúcho na Região de São Leopoldo e também em Santa Catarina, onde se povoam algumas das principais bacias hidrográficas, os conhecidos ''vales'' de imigrantes alemães, como o Vale do Itajaí, Vale do Cachoeira e outros.

A predominância de alemães nos projetos mais consistentes de colonização pode ser explicada pela presença influente de indivíduos de origem germânica junto ao governo imperial brasileiro e por seu papel na orientação da política imigratória nos seus primórdios. Os nomes das colônias (Leopoldina, São Leopoldo, São Pedro de Alcântara) remetem à Imperatriz Leopoldina e seu filho D. Pedro. 

A localização das colônias alemãs revela os interesses mais diretos da política de colonização com imigrantes, que era povoar terras devolutas, consideradas mais apropriadas à instalação de colonos estrangeiros livres e europeus, ou seja, brancos, num processo controlado pelo Estado. Nestas terras os imigrantes ficam isolados em zonas pioneiras não ocupadas pela grande propriedade. 

Após 1850, o Governo imperial passa a responsabilidade da colonização às províncias e entram em cena as companhias particulares de colonização. Schaeffer, por exemplo, um dos iniciadores das tentativas de colonização na Bahia, médico naturalista e, depois, major do exército imperial, além de principal recrutador de soldados alemães para formar os batalhões estrangeiros para as lutas de independência, é também encarregado dos negócios do governo brasileiro junto às cidades hanseáticas, onde agencia imigrantes para São Leopoldo e as demais colônias do sul. A referência a Schaeffer é importante, pois aponta para o procedimento usado para trazer imigrantes, ou seja, para os agenciadores, que freqüentemente oferecem falsas vantagens aos que querem emigrar para o Brasil. Os lotes coloniais diminuem e a partir de 1854 uma 
lei determina que o imigrante só pode ter acesso à terra por compra a prazo, e o título definitivo de propriedade só pode ser requerido após a quitação da dívida, terminando assim a concessão gratuita vigente na primeira fase de imigração. A promulgação dessa Lei coincide com a abolição do tráfico de africanos, passando a imigração européia a ser visualizada como solução não só para o problema do povoamento, mas também para o da mão-de-obra. 

Contudo, as denúncias sobre o sistema de parceria vigente em São Paulo desde 1847 (a revolta de Ibiacaba denunciada em livro pelo suíço Thomas Davatz em 1858, já mencionado neste trabalho) e a promulgação do Decreto de Heydt, pela Prússia, em 1859, passam a ser obstáculos. Mas como a lei é revogada (mais cedo para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina) a imigração é retomada e a concentração de imigrantes alemães nestes estados passa a ser maior. 

Novos assentamentos surgem no vale do Rio dos Sinos e são fundadas as colônias de Santa Cruz, Santo Ângelo, Nova Petrópolis e Monte Alverne administradas oficialmente pelo governo provincial e deixadas nas mãos de empresas particulares. 

A continuidade da ação dos agenciadores durante o Império e a propaganda oficial das empresas particulares de colonização, atraem principalmente camponeses, mas também trabalhadores urbanos e artífices, em busca de melhores condições de vida (ser ''proprietário''). Vêm também professores, artesãos, operários, refugiados políticos e até indivíduos com recursos financeiros para dedicar-se a atividades comerciais e industriais. 

A colonização oficial no planalto gaúcho (Ijuí), intensifica-se no início da República, seguida pela colonização do alto Uruguai (são fundadas 142 colônias alemãs no Rio Grande do Sul até 1920, com grande mobilidade entre si). Em Santa Catarina as principais colônias surgem da iniciativa particular: Hermann Blumenau funda a colônia Blumenau, em 1850, e a Sociedade Hamburguesa de Colonização, a colônia D. Francisca (Joinville) em 1851. Estabelecem-se também outros núcleos como a colônia Itajaí, Ibirama, Jaraguá do Sul, todas ligadas por ferrovias. 

No Paraná, estabelecem-se imigrantes alemães em Curitiba (colônia urbana) e também no interior (Lapa e Ponta Grossa). Após a 2ª Guerra Mundial, em 1951, suábios do Danúbio – uma minoria germânica expulsa da Iugoslávia – estabelecem núcleos no município de Guarapuava. Vindos de diferentes lugares do sul do Brasil e do Paraguai, os menonitas – grupo de minoria religiosa – juntam-se e formam a colônia de Witmarsum. 

Fora da região sul, imigrantes de Pomerânia fundam várias colônias no Espírito Santo e em Minas Gerais, destacam-se as colônias de Teófilo Otoni e de Juiz de Fora. 

O desenvolvimento urbano e a industrialização iniciada no Brasil nas duas últimas décadas do século XIX, acelerados a partir da década de 1920, faz nascer uma classe operária relativamente numerosa, trazendo também migrantes brasileiros para as áreas de colonização alemã. A denominação ''colônia alemã'' passa, portanto, a não indicar mais homogeneidade étnica, assim como algumas regiões definidas como ''alemãs'', (vale do Itajaí em Santa Catarina e Ijuí no Rio Grande do Sul) passam a ter colonização mista, pois recebem também imigrantes europeus de outras nacionalidades. 

O termo ''colônia alemã'' remete, então, à organização comunitária de imigrantes da mesma etnia na zona rural, mas há também as ''colônias urbanas'' formadas, sobretudo por gente vinda das colônias alemãs do interior. Depois da 1ª Guerra Mundial, há igualmente alemães que procuram diretamente os centros urbanos. 
Contudo, o isolamento nos dois tipos de colônia é uma de suas principais características. 

Como as colônias têm planejamento cuidadoso, mas na maioria delas não há demarcação prévia de linhas e lotes, este trabalho é realizado com a própria mão-de-obra dos imigrantes-colonos e consiste na abertura de picadas ou linhas, na construção de pontes e pontilhões, estradas, colocação de marcos divisórios, edificação de alojamentos públicos e outras obras (o que auxilia o imigrante a pagar sua dívida). Nos relatos e histórias de vida dos imigrantes, na documentação oficial e também nas narrativas da literatura teuto-brasileira, ao longo do processo de colonização, são descritos conflitos de terra, o cansaço para derrubar a mata e cultivar os lotes sem usar os métodos tradicionais europeus, problemas o povoamento disperso, a precariedade das estradas e o transporte, das doenças e enchentes, o endividamento e a dependência em relação aos comerciantes estabelecidos, entre outros. 

As dificuldades enfrentadas, ao longo do período de ocupação territorial ajudam a elaborar a figura do ''pioneiro'' – como desbravador da floresta e o fundador das colônias alemãs – que aparece freqüentemente como tema da literatura teuto-brasileira. 

Superada a fase pioneira, formam-se as colônias baseadas na pequena propriedade familiar, caracterizada pela policultura, pela criação de animais e produção artesanal. 

Aos poucos, toma forma uma classe média rural de pequenos produtores, surge a pequena indústria familiar, artesanal, que prolifera até a década de 1940, sendo a industrialização iniciada em diversos núcleos urbanos em fins do século XIX (indústria têxtil e metalúrgica, couro, cerâmica etc). 

A concentração em áreas restritas, isoladas da sociedade brasileira, facilita a manutenção dos costumes e o uso cotidiano da língua alemã. A carência de serviços públicos leva à formação de uma organização assistencial comunitária e à criação de uma rede escolar particular a ''escola alemã''. Criada para atender às necessidades de ensino elementar da população estrangeira, mas aos poucos ela vai tomando feições étnicas, enquanto instrumento da germanidade e da perpetuação da língua e da cultura alemãs, o que também está na base das associações culturais, recreativas, esportivas e mesmo religiosas, que representam o que se conhece por ''Deutschtum''. 

Estas feições contribuem para que, durante as duas guerras mundiais se fale, em relação às colônias, no ''perigo alemão''. No “Deutschtum” (patrimônio cultural alemão) está em primeiro lugar a língua, traço fundamental da identidade alemã, a raça, o sangue ou origem étnica. Todo esse conjunto deve ser preservado ao lado dos deveres para com a nova terra dentro da cidadania brasileira. 

A imprensa em língua alemã, constituída à época por jornais e por anuários (Kalender), veicula um patrimônio cultural misto chamado ''Brasilianisches Deutschtum'' ou ''Deutschbrasilianertum'' (Patrimônio cultural teuto-brasileiro). Nele coexistem o amor à “Urheimat” (pátria de origem), a Alemanha e também ao Brasil, já que o critérios de nacionalidade alemã vê isto como normal, o que, porém, traz conflitos em épocas de confronto bélico, como ocorreu nas duas Guerras Mundiais. São diversos.

Os jornais mais antigos surgem na década de 1850 e têm duração efêmera (como o ''Der Kolonist'' em Porto Alegre e o ''Der Einwanderer'' no Rio de Janeiro). O primeiro jornal importante e de grande prestígio, o jornal ''Kolonie Zeitung'' é fundado em Joinville, Santa Catarina, por Ottokar Dörffel, um refugiado político que havia participado, na Alemanha, da Revolução de 1848 (5) e circula de 1861 até 1939. Em Porto Alegre, o jornal ''Deutsche Zeitung'' começa a circular em 1861 e, em 1864, passa a ser dirigido pelo mais influente político teuto-brasileiro do Império, Karl von Koseritz, um ''Brummer'' (6), que, em 1882, cria outro jornal de grande prestígio, o ''Koseritz Deutsche Zeitung'' que também circula até a época da nacionalização. 

Muitos outros jornais passam a circular pelo sul do Brasil como, por exemplo, ''Deutsches Volksblatt'' (Diário popular alemão), Porto Alegre; o ''Blumenauer Zeitung e o ''Urwaldsbote'' (Jornal de Blumenau e Mensageiro da Selva), Blumenau-SC; o ''Serra-Post'', Ijuí-RS, para citar apenas alguns. Revistas também vêm a lume e entre elas destacam-se as religiosas como a ''SKT Paulusblatt'' (Folheto de S. Paulo) e a ''Sonntagsblatt für die evangelischen Gemeinden in Brasilien'' (Folha dominical para as comunidades evangélicas no Brasil). 

Os primeiros almanaques ou anuários datam da década de 1870 e são os veículos de comunicação mais populares e abordam assuntos diversos, inclusive traduções para o alemão de textos de autores brasileiros, principalmente poesias, divulgação de contos e romances de autores alemães e teuto-brasileiros, além de muitas informações práticas destinadas aos colonos. De fato, estes ''Volkskalender'' tornam-se muito populares e chegam a atingir quase toda a população teuto-brasileira (com volumes com mais de 200 páginas e tiragens que ultrapassam os doze mil exemplares como em 1931, por exemplo). Destacam-se o ''Koseritz Deutscher Volkskalender für Brasilien'' (a partir de 1874 em Porto Alegre) fundado por Karl von Koseritz e o ''Kalender für die Deutschen in Brasilien'' (publicado desde 1881 pela editora Rotermund de São Leopoldo) que é o mais conhecido em todo o sul do Brasil. Estes anuários são seguidos por muitos outros como o ''Der Familienfreund'' (O amigo da família), o ''Serra-Post Kalender'', (Anuário do Correio 
Serrano), Ijuí-RS; o ''Kalender für die evangelischen Gemeinden'' (Anuário para as comunidades evangélicas), S.Leopoldo e o ''Luther-Kalender für Südamerika'' (Anuário Luterano para a América do Sul), P. Alegre. Na década de trinta surgem, ainda, em São Paulo, publicações vinculadas ao Partido Nazista, como é o caso do almanaque ''Volk und Heimat'', editado de 1935 a 1938. A atividade de todos foi encerrada quando a campanha de nacionalização do Estado Novo proíbe o uso do idioma alemão no Brasil. São os almanaques ou anuários (e menos intensamente, publicações literárias em forma de brochuras e os jornais), os principais divulgadores da literatura teuto-brasileira, sobretudo no sul, cuja temática mais constante é a imigração, a vida cotidiana nas colônias, o dualismo, ou seja, o sentimento de divisão entre duas pátrias mas que, aos poucos, vai acentuando o afeto em relação ao Brasil. Essa literatura, que expressa o ''Bodenständigkeitsgefühl'', ou sentimento de apego ao solo, nos termos de Kuder (7) (1936-37), é freqüentemente considerada menor em termos estéticos, inclusive por utilizar uma linguagem teuto-brasileira com importações lingüísticas do português, o que ocorre mais na prosa do que na poesia. Seu valor reside em parte considerável no seu aspecto histórico e sociológico, mas são estudiosos como Erich Fausel, Werner Aulich e Marion Fleischer que chamam a atenção para as qualidades estéticas desta literatura, como um fenômeno sui generis, o que também buscamos evidenciar neste trabalho. 

Werner Aulich fundamenta sua argumentação em defesa do valor estético da literatura teuto-brasileira, no que ele denomina pathos dos imigrantes. Segundo ele, qualquer emigração encerra uma realidade objetiva, única e concreta, que é um marco na vida de cada emigrante. Há uma cesura, um corte em todas as esferas da vida da pessoa, a começar pela genealógica. Este corte é muito profundo e as reações a ele são as mais diversas, mas ele sempre deixa marcas indeléveis na personalidade, nas reações, nas características, bem como nas transformações pessoais que constituem os aspectos mais importantes da espiritualidade teuto-brasileira. Esta espiritualidade está no cerne da literatura dos imigrantes, que só pode ser entendida a partir dela. O que caracteriza os escritores desta literatura é a força da face subjetiva da imigração. 

As experiências pessoais, ou de pessoas próximas, são importante material narrativo. 

A imigração, portanto, como fato objetivo e subjetivo é a principal temática e também a força plasmadora das formas de expressão da literatura teuto-brasileira. Nas palavras de Werner Aulich, entendemos o significado desse pathos: 

No espaço vital de uma comunidade teuto-brasileira, existe entre o poeta e o público, uma característica comum – a saber, justamente decisiva para um julgamento da poesia – que queremos designar.... de pathos dos emigrantes. A palavra pathos, criada pela antiguidade grega significa – traduzida literalmente – ''encontro traumático'' e ''padecimento'', caracterizando o estado de uma pessoa, à qual algo adverso acontece..... Sob pathos dos emigrantes entendemos aqui, em primeiro lugar, uma atitude passiva, formada tanto pelo ato, quanto pela aventura da emigração. Essa atitude pessoal inclui ainda uma susceptilidade de formação particular em relação a determinadas sensações E, por fim, externa-se aquela atitude moldada pelo phatos dos emigrantes, numa particular capacidade de expressão. Esse phatos é o estado da personalidade teuto-brasileira e se manifesta, com particular nitidez, no sistema do relacionamento entre poeta e público. A este estado podem ser reduzidos, de certo modo, todos os problemas de uma particularidade teuto-brasileira.... Se na Europa, tão pequena é a compreensão encontrada pela literatura teuto-brasileira, isto deve ser atribuído, em primeiro lugar, àquela particularidade poética determinada pela predominância do phatos dos 
emigrantes. (8)

No seu estudo, Werner Aulich mostra que os escritores teuto-brasileiros estão sujeitos a este phatos em alto grau, pois é através dele que se tornam escritores e têm suas características europeias buriladas e transformadas. Entre o escritor e o leitor, o phatos da emigração funciona como um elo, pois ambos passaram pela experiência da emigração, o que não é facilmente compreendido pelos que não tiveram a mesma vivência. 

Vários escritores da literatura teuto-brasileira são participantes da fracassada Revolução de 1848 na Alemanha e por isso chamados de ''Achtundvierziger'', e chegam ao Brasil, portanto, ainda no tempo do Império. Estes trazem maior bagagem política e intelectual e Karl von Koseritz, principal liderança política de origem alemã no Rio Grande do Sul (é eleito deputado provincial em 1884), também faz parte deste grupo. A posição de Koseritz contribui para uma síntese do pensamento étnico teuto-brasileiro que propõe a integração política, a luta pelo reconhecimento dos direitos de cidadania, a fidelidade à nova pátria, contribuição do ''trabalho alemão'' para o desenvolvimento brasileiro, e, ao mesmo tempo, defende o direito das minorias à peculiaridade étnica. O ''Deutschbrasilianertum'' comporta dois significados: o Brasil como nova pátria (''Heimat'' ou ''Vaterland'') pelo jus solis, e a Alemanha como pátria ancestral (''Urheimat'') pelo jus sanguinis. Esse dualismo tem intensa expressão na literatura teuto-brasileira e, subjacente ao ''Deutschbrasiliarertum'' há, freqüentemente, um ideal de superioridade germânica. 

Todavia, Roche (1969:720) assinala que a resistência aos avanços do nazismo parte, também, dos meios teuto-brasileiros e, não obstante a extensão e a importância de seus esforços, os propagandistas do nazismo não fazem vibrar a população das colônias como a das cidades grande. Contudo, é inegável que esta propaganda tenha causado efervescência étnica e até mesmo entusiasmo pela sua vinculação ao desenvolvimento da Alemanha após sua grande crise econômica. Com a proibição do uso do idioma alemão em qualquer atividade cultural ou social (9), bem como o fechamento de todas as escolas alemãs em 1939, esse patrimônio cultural misto é desmantelado, depois de quase um século de florescimento. 

Após o movimento da Nacionalização, portanto, há uma lacuna cultural e só lentamente, volta-se a escrever novamente em alemão, mas são poucos os veículos de divulgação que sobrevivem à 2ª Guerra Mundial e esta literatura reaparece, bem mais frágil, geralmente nas cidades maiores. Jornais, anuários e brochuras isoladas continuam, porém, sendo seus veículos de expressão, como mostra Marion Fleischer nos seus dois livros sobre o assunto: A Poesia alemã no Brasil – Tendências e situação atual (1967) e Elos e Anelos – Da Poesia em Língua Alemã no Brasil (1981), que também abriram esta vasta seara para muitos outros estudos seguindo seu trilhar. 

Primeira geração de escritores: Paraíso natural e paraíso construído.


Os grupos étnicos que imigraram no Brasil, os imigrantes alemães formam um grupo étnico, com características bem definidas, têm sua própria literatura, expressão de um patrimônio cultural misto. 

A literatura teuto-brasileira tem, entre seus temas basilares, a imigração e a vida nas colônias alemãs. Nos primeiros imigrantes a natureza brasileira, principalmente a floresta, também desperta um fascínio único, tal como nos descobridores e viajantes. 

Bachelard, no seu livro A poética do espaço, diz que essa ''imensidão da floresta'' está no ser humano, que toma consciência da sua fragilidade ante o conceito de infinito: 

Não há necessidade de permanecer nos bosques para conhecer a impressão sempre um pouco ansiosa de que nos ''aprofundamos'' num mundo sem limite... 
A floresta, sobretudo, com o mistério do seu espaço indefinidamente prolongado além da cortina dos seus troncos e de suas folhas, espaço encoberto para os olhos, mas transparente para a ação, é um verdadeiro transcendente psicológico. .... 
A imensidão é uma categoria filosófica do devaneio.... E a contemplação da grandeza determina uma atitude tão especial, um estado de alma tão particular, que o devaneio põe o sonhador fora do mundo mais próximo, diante de um mundo que traz a marca do infinito..... A imensidão está em nós. (10)

Na atitude do imigrante, porém, a natureza não é apreendida só no nível da emoção e da contemplação. O imigrante conjuga contemplação e ação, emoção à razão, pois ele tem que dominar a natureza, enfrentando também o seu lado selvagem. Esta natureza, paraíso natural, tem que ser dominada. A mata virgem tem que ser penetrada para chegar-se ao solo fértil. Aqui tem lugar de destaque o “Urwald” (selva),e nela nossa fauna e flora exuberantes. Portanto, vales e clareiras podem ser paradisíacos e também podem ser transformados em lugares habitáveis e aprazíveis para viver. Surge, assim, dentro do paraíso natural, o paraíso construído, a colônia alemã, fruto do trabalho do imigrante, seu novo lar e, aos poucos, sua nova pátria. A imagem edênica do Brasil dos primeiros imigrantes tem, pois, dupla face: a natural e a construída.Aqui surgem conceitos conhecidos e populares nesta produção literária como “Tatkraft”                (capacidade de ação, trabalho),”Fleiss” (dedicação ao trabalho), “Streben” (aspiração, ambição), “Held”     (herói), “Pionier” (pioneiro) entre outros. 

Os autores da primeira geração, todos nascidos na Alemanha, compõem um grupo heterogêneo e constituem o auge desta literatura na virada do século XIX para o século XX. Deste grupo fazem parte, entre outros, Wilhelm Ahrons, Theodor Amstad, Rudolf Damm, Franz Donat, Mathias Ganzweidt, Karl Kleine, Georg Knoll e Ida Knoll, Otto Meyer, Karl Friedrich Niederhut, Arno Philipp, Emil Schlabitz, Mathias Schmitz, Ambros Schupp, Wilhelm Süffert, Alfred Wiedemann, Wilhelm Wustrow, Viktor Schleiff, 
Clara Sauer, Helmut Cullmann e Wolfgang Ammon. Como editores e mentores da vida cultural, bem como escritores, destacam-se Karl von Koseritz e Wilhelm Rotermund. 

Dentre os autores acima, analisamos criações de Georg Knoll, Viktor Schleiff, Clara Maria Sauer, Helmut Culmann, Rudolf Damm, Karl von Koseritz e Wilhelm Rotermund, por oferecerem poemas e textos, a nosso ver, representativos do encantamento do imigrante alemão ante a paisagem brasileira e que também expressam o outro lado do paraíso, o construído. 

Nossas ilustrações começam com poemas de Georg Knoll, a saber “Im Hochland” (No planalto) 

Escutas o farfalhar da copa das palmeiras                                 Hörst du der Palmen Wipfel Rauschen 
Quando uma brisa a atravessa,                                                 Wenn durch sie eine Briese zieht, 
Vieste escutar alguma vez o sabiá,                                            Kamst du einmal der Amsel lauschen, 
Quando feliz entoava a sua canção de amor?                            Als froh sie sang ihr Liebenslied?
Docemente corre o rio pelas verdes                                          Sanft fliesst der Bach durch grüne 
Campinas                                                                                 Fluren
E em toda a parte os rastros da primavera                                 Und überall des Frühlings Spuren 
Um ressuscitar no campo e no mato.                                         Eine Aufersteh'n in Feld und Hain. 
O ar é puro, o céu azuleja,                                                        Die Luft ist rein, der Himmel blauet, 
Em minha volta um mar de flores,                                              Um mich herum ein Blütenmeer,
Os olhos miram extasiados                                                        Das Auge wonnetrunken schauet 
À rica beleza ao redor.                                                              Die reiche Schönheit ringsumher (11)

No poema acima, o arquitexto edênico transparece nas verdes palmeiras, no rio, no ar puro, nas campinas, na primavera, nas flores, nos pássaros, na beleza reinante. São traços típicos do ''locus amoenus'' , o paraíso natural, que extasiam o poeta. 

Em ''Felicidade'' (Das Glück), G. Knoll celebra e engrandece a vida no campo, como um lugar especial, cercado de paz e tranqüilidade: 

A casinha na campina                                                                Das kleine Haus dort in der Weide
Pintada de branco e verde                                                         Gestrichen ist es weiss und grün 
Ladeada por um galpão,                                                            Ein Schuppen steht an seiner Seite, 
No jardim florescem rosas.                                                        Im Vordergärtchen Rosen blüh'n

................ 

Uma paz sobre montanhas e planícies                                         Ein Friede über Berg und Heide
É solene paz domingueira!                                                          Und feierliche Sonntagsruh! 
Tu procuras a felicidade nesta terra,                                            Du suchst das Glück auf dieser Erde, 
Aceitas muitas decepções.                                                          Nimmst viel Enttäuschung in den Kauf, 
Para que então todos estes sofrimentos                                       Wozu denn alle die Beschwerde
Aqui está. Abre os olhos!                                                           Hier ist es. Mach die Augen auf!. (12)

Outro poeta da primeira geração, Viktor Schleiff, igualmente exalta a natureza brasileira, contrapondo-a a pátria de origem,fazendo também apologia do trabalho alemão. Em ''Alte und neue Heimat'' (Velha e nova pátria) lemos: 

Uma terra rica para ser nossa                                                      Ein reiches Land, das uns zu eigen! 
Prodigamente a natureza engendra                                              Verschwenderisch schafft die Natur, 
Para mostrar sua enorme pujança                                                Um ihre höchste Kraft zu zeigen
Aqui, em solo brasileiro, milagres                                                 Hier Wunder auf Brasiliens Flur. 
Aqui amadurece o milho, a banana                                               Hier reift der Mais, hier die Banane, 
A seiva da cana de açúcar ferve nos caules                                  Im Rohre kocht des Zuckers Saft, 
As lianas florescem                                                                      Und über blühender Liane
Enquanto a palmeira balança sua copa.                                        Wiegt sich de Palme schlanker Schaft. 
A velha pátria deu à nova                                                            Die alte Heimat gab der neuen
O que torna um país grande e forte                                              Das was ein Land macht groβ und stark 
Deu-lhe do seu sangue, da sua força                                             Gab ihr von ihrem Blut dem treuen
Nós transformamos aqui, com mãos calejadas                              Wirschufen hier mit schwiel'gen Händen
A selva em paraíso                                                                       Die Wildnis um zum Paradies, 
E em toda parte e todos os cantos                                               Und überall an allen Enden
Sorri o trabalho e a dedicação alemãs                                       Grüβt deutsche Arbeit, deutscher Fleiss (13)

A poetisa Clara Maria Sauer, descreve a paisagem brasileira com admiração pelas folhas sempre verdes e brilhantes da palmeira em todas as épocas do ano e a sua emoção ao contemplá-las como o símbolo da constância e da fidelidade em terras brasileiras. A palmeira é uma espécie de divindade dos trópicos, eterna no seu verde, o que nos leva a associa-la às árvores do Éden. Subjacente está o contraste com a Alemanha onde as árvores, em sua maioria, perdem as folhas no outono e no inverno ficam como mortas entristecendo a paisagem, enquanto nos trópicos há eterna primavera. É o que vemos em''Entre palmeiras''(Unter Palmen) 

Sempre verdes são estes ramos                                                     Stets grün sind diese Wedel
Em cada época e tempo,                                                               Zu jeder Zeit und Frist, 
A ponto de eles serem                                                                  Dass sie der rechten Treue
O retrato da verdadeira fidelidade.                                                Ein wahres Abbild ist. 
E onde não se deseja ficar                                                            Und wo man nicht will bleiben
Na sua terra e chão                                                                      Auf seinem Land und Grund, 
Ali não crescem palmeiras                                                            Da wachsen keine Palmen
Diz o ditado popular                                                                     So sagt der Leute Mund. (14)

Helmut Culmann, descreve numa atmosfera de sonho a colônia alemã como um Éden no poema . ''Colônia Alemã'' (Deutsche Siedlung): 

Atrás das palmeiras brilham brancas cumeeiras                   Hinter Palmen schmimmern weisse, Giebelwände
No jardim floresce a rosa e a murta                                    Im Garten bluht die Rose und die Myrte
E o dourado peso das laranjas                                           Und der Lanranjen goldgeschwellte Bürde
Inclina sua roupagem para a terra brilhante                         Neigt ihre Tracht ins leuchtende Gelände

................. 

Suave cai a noite em sua plumagem de sonho                     Leis sinkt die Nacht herab auf raumbefieder,
E no quintal ecoam canções da terra natal                          Und aus den Lauben schalle Heimatlieder: 
Pulsa o A lua resplandece na celeste melodia,                    Der Mond erglänzt, des Himmels Melodie,
coração da colônia alemã.                                                 Es schägt das Herz der deutschen Kolonie! (15)

Chama a atenção o ''dourado peso das laranjas que, para os alemães, sempre foram frutos do sul, de regiões quentes, pelas quais anseiam. Tal referência intertextualiza o poema de Goethe denominado ''Mignon'' (16) – que, por exemplo, ouvíamos nossos pais e avós, imigrantes alemães, declamarem:

Kennst du das Land, wo die Zitronen blühn 
Im dunkeln Laub die Goldorangen glühn,
Ein sanfter Wind vom blauen Himmel weht, 
Die Myrte still und hoch der Lorbeer steht – 
Kennst du es wohl? 
Dahin! Dahin! 
Möcht ích mit dir, o mein Geliebter, ziehn! 

Tu conheces a terra onde florescem os limoeiros? 
Laranjas de ouro pendem incandescentes no verde escuro da folhagem 
Um vento suave sopra do céu azul, 
Tu a conheces talvez? Onde estão a silenciosa murta e no alto as folhas de louro – 
Para lá! Para lá! 
Eu quero contigo, meu amor, ir! 

Na prosa destacam-se Karl von Koseritz e Wilhelm Rotermund que são, sobretudo, grandes mentores espirituais das colônias alemãs e editores, mas também escrevem narrativas, das quais extraímos trechos ilustrativos. Dos escritos de Karl von Koseritz, selecionamos trechos da narrativa publicada no seu ''Koseritz' Deutscher Vokskalender für die Provinz Rio Grande do Sul'' ''Reise nach Brasilien'' (Viagem ao Brasil) e do seu livro Retratos do Brasil (Bilder aus Brasilien) onde encontramos várias descrições da paisagem brasileira. Vejamos esta descrição extraída de ''Reise nach Brasilien'' (Viagem ao Brasil): 

Repentinamente descortinou-se diante de nós a grande baía de São Francisco. 
Tão calma, tão azul, tão festiva, estendia-se ela diante de nós e nos sentimos como se finalmente tivéssemos sido libertados de um longo cativeiro. Uma leve brisa encrespava a imensa superfície das águas. Ao redor, até onde alcançava a vista, enormes montanhas cobertas de cima a baixo de rica vegetação. 
Parecia encontrarmo-nos no centro de uma esfera formada pelo céu, a mata e o mar. (17)
A natureza impressiona o imigrante desde o primeiro instante, por sua extensão, colorido, luz, ar puro, imponência, acidentes geográficos, viço de sua vegetação, sua flora e sua fauna totalmente novos e o brilho de suas estrelas.

No livro Retratos do Brasil (Bilder aus Brasilien – 1890) – Koseritz descreve uma viagem ao longo da costa brasileira, feita 32 anos após sua chegada ao Brasil, onde lemos esta passagem, uma recordação de suas primeiras impressões da terra brasileira: 

É eu? O jovem em flor tornou-se um senhor de meia idade. (......) Ele me fez lembrar dos dias, nos quais a beleza deste lugar paradisíaco, deixou uma impressão indelével em meu espírito jovem. Diante dos meus olhos estava a nossa entrada no porto do Rio de Janeiro, como se fosse agora.... Também o meu coração pulsava fortemente quando, diante de nossos olhos, se descortinava a maravilhosa paisagem com o Corcovado, o Pão de Açúcar, a Floresta da Tijuca.... (18)

Além da descrição de várias cidades brasileiras por onde passa, Koseritz descreve, neste livro, sua visão da colônia alemã, a luta dos imigrantes alemães, lançados na selva para sobreviver e criar suas prósperas colônias. 

No trecho abaixo, ele expressa seu desejo de explicar esse sucesso aos alemães da cidade (no caso, o Rio de Janeiro), que muito pouco sabem sobre os imigrantes das colônias: 

Se o Sr. Schmid pudesse vir comigo para o Rio Grande, eu o acompanharia numa visita às nossas colônias para lhe dar uma idéia desse maravilhoso pedaço da história da cultura, que nós lá escrevemos. Assim ele logo avaliaria tudo de forma diferente e lhe seriam vivamente lembradas as palavras do melhor mestre Goethe sobre a teoria do Cinzento e ele se lembraria do frescor dos anos verdes. Quem reflete sobre as difíceis condições em que as colônias do Rio Grande do Sul se desenvolveram e hoje vê a que estágio de desenvolvimento elas chegaram – este sentirá respeito por este trabalho cultural. Uma vez, foram jogados na mata virgem alguns milhares de imigrantes alemães que tiveram que batalhar anos e anos contra necessidades e misérias; os frutos da colheita eles tiveram que carregar nas costas para fora das picadas, pois não havia caminhos, tampouco trilhas e diariamente eram ameaçados pelos selvagens e animais ferozes.... Sim, foram duros tempos de lutas aqueles de antigamente, mas nós vencemos e hoje o alemão tem grande importância no Rio Grande do Sul. (19)

Wilhelm Rotermund, é o fundador da editora Rotermund que edita o ''Kalender für die Deutschen in Brasilien'' ' que se torna muito popular e tem longa duração (1881 a 1941) e em 1914, por exemplo, alcança 12.750 exemplares. Neste anuário encontramos também muitos exemplos do apreço pela nova terra em forma de narrativas, poesias e memórias.

Na narrativa ''Die beiden Nachbarn'' (Os dois vizinhos) (20), W. Rotermund retrata a paisagem brasileira assim: 

A picada Isabelle é uma das mais férteis das colônias alemãs.... junto às encostas da montanha, ricas em matas e vertentes... No alto via-se com admiração e surpresa as abençoadas campinas, emolduradas por escuras montanhas cobertas de matas.... A visão era tão sedutora e extasiante, o coração receptivo sentia-se tão enfeitiçado, que havia o receio de quebrar o encanto alentador. ...... Caminhar assim sobre flores sentindo seu aroma e ver brilhar a multidão de estrelas do céu meridional torna o coração ansioso e cheio de esperança. (21)

A natureza pujante e majestosa obnubila, encanta, enfeitiça o seu admirador. Entre o homem e a natureza há uma harmonia mágica, o poeta está em devaneio. O intertexto edênico reaparece na fertilidade da terra, na exuberância da mata, na harmonia entre o homem e a natureza.. A picada Isabelle representa, metonimicamente, a colônia alemã e seu contraponto é a natureza exuberante, com suas montanhas, campinas, matas e vertentes. O escritor sente e capta tudo com admiração: a paisagem, as estrelas, os aromas, toca a natureza ao caminhar sobre as flores. A natureza entra em seu coração pelos sentidos, enche-o de emoção e ele sente-se fazer parte integrante dela. 

A contemplação das estrelas no céu meridional enche-lhe o coração de esperança e, assim, ele expressa toda a expectativa de felicidade do imigrante na nova terra. 

No conto ''Ama enquanto puderes!'' (O, lieb so lang du lieben kannst), também de Rotermund, vemos o mesmo fascínio agora ante uma exuberante plantação, obra do homem, havendo clara contraposição de paraíso natural e paraíso construído:

Então a mata abre-se e ante os nossos olhos descortina-se a lavoura dourada, inserida na mata. E que panorama! Não eram centenas mas milhares de pirilampos que pairavam, se entrelaçando por sobre a plantação de milho e mandioca. É um cintilar, um relampejar e um Então faiscar por todo o ambiente sob a meiga luz da lua e junto a escura borda da mata.... Nada perturbava este silêncio festivo, a mata interrompera seu murmúrio misterioso e a lua observava esquecida essa maravilha.... E como tudo cintilava. (22) O arquitexto edênico transparece na lavoura que simboliza abundância e fertilidade, nos animais, na harmonia entre a natureza (mata) e a obra do homem (a plantação). A forma circular da plantação, inserida na mata, é a imagem de um microcosmo (construído pelo homem) inserido no macrocosmo, a natureza.

Nos escritores e poetas da primeira geração da literatura teuto-brasileira vemos que a natureza brasileira, enluarada, iluminada pelo sol tropical ou envolta em sombras, é constante estímulo para a criação literária. Por um lado, o encantamento, o fascínio do europeu ante a paisagem brasileira, e por outro, a necessidade de conquistar a terra, dominá-la para poder construir nela seu novo lar. O paraíso natural, o Éden terrestre tem sempre o seu contraponto: o paraíso construído pelo trabalho, a colônia alemã, é o embate entre o natural e o civilizado. São paraísos ora com facetas de ''locus amoenus'', ora de paraíso tropical bucólico que se acoplam e amalgamam, pois um se constrói dentro do outro. Diferente da visão dos viajantes e escritores alemães que, raramente aqui vivem ou permanecem apenas por períodos curtos, o imigrante vê a 
natureza brasileira como um espaço a ser conquistado. Ele tem que penetrá-la, derrubar a floresta para usufruir do solo fértil que ela oculta. Portanto, o encantamento ante a paisagem brasileira vem pelos sentidos, pela emoção, mas enfrentar esta natureza selvagem para dominá-la é um ato da razão. 

Assim, a visão edênica européia trazida no imaginário dos imigrantes altera-se, pois as dádivas da natureza existem, mas têm que ser conquistadas e transformadas, daí a valorização do trabalho do imigrante pioneiro. No imigrante, a imagem edênica do Brasil tem, portanto, duas faces: a natural e a construída. 

A edenização da imagem do Brasil na primeira geração vem de duas vertentes. A imagem européia trazida no imaginário dos imigrantes, aqui sofre reatualização, sendo que o mito do Éden transparece de formas diversas, como vimos, que vão do lugar ameno ao bucolismo tropical e há sempre a idéia do paraíso construído. A outra vertente da edenização é o romantismo brasileiro, que influencia bastante esses escritores. O significado profundo e simbólico destes motivos é magistralmente explicados por Bachelard na obra A poética do espaço (23). São motivos que estão no imaginário inconsciente coletivo e que são trazidos à tona de forma ora ingênua, ora singela pelos poetas analisados neste trabalho, que usam a hipérbole e a antítese como figuras de linguagem mais freqüentes. Portanto, o paraíso bíblico perdido é novamente acenado à humanidade com a Terra de Canaã, com um novo céu e uma nova terra. Este paraíso, uma utopia iluminista, é conquistado através do desenvolvimento da civilização e o imigrante europeu, ao partir para novas terras, leva consigo esta utopia, sempre renovada, pois quer construir este paraíso com suas mãos. 

Os traços edênicos desta imagem vão persistir na segunda geração de escritores e, menos intensamente na terceira geração, que já se abre a temas diversos. Persiste, no entanto, subjacentemente na obra dos descendentes de imigrantes alemães – Raul Bopp e Augusto Meyer, como demonstramos em nossa Tese de Doutorado A ponte edênica da Literatura os imigrantes de língua alemã a Raul Bopp e Augusto Meyer.

Notas 


1 SEYFERTH, Giralda. ''A colonização alemã no Brasil: Etnicidade e conflito''. In: Fazer a América, 1999, p. 273-313 

2 OBERACKER JR., C.H. A Contribuição Teuta à Formação da Nação Brasileira. Rio de Janeiro, Presença, 1968. 

3 FOUQUET, C. O imigrante alemão e seus descendentes no Brasil, 1808, 1824, 1874. São Paulo, Inst. Hans Staden, São Leopoldo, Federação 25 de julho, 1974. 

4 WILLEMS, E. Assimilação e populações marginais no Brasil. São Paulo: Nacional, 1940 e Aculturação dos alemães no Brasil. São Paulo: Nacional, 1946. 

5 Esta revolução havia desencadeado grandes esperanças no alvorecer de uma era de mais liberdade e justiça, mas a Assembléia Nacional no parlamento de Frankfurt esgota-se em longas discussões teóricas sobre os direitos humanos e acaba sendo dissolvida pelo poder monárquico. Tanto depois desta revolução como na chamada ''Bismarkzeit'', (a era de Bismark) há fortes fluxos emigratórios (os pontos altos foram entre 1866 e 1870 e 1881 e 1890). Cf. Turk, Eleonor L., ''Os alemães de 1848 no Brasil''. Trad. de Hans H. E.Koch. In: Blumenau em Cadernos, Blumenau. Março-1999, pg.29-39. Neste artigo a autora faz um paralelo do Brasil com outros países que receberam imigração alemã, sobretudo em 1848. Ela estuda três nomes de destaque no sul do Brasil: Karl von Kozeritz, Dr. Hermann Blumenau e o naturalista Fritz Müller. Sobre este último foi, recentemente, escrito por Moacyr Werneck de Castro o livro O sábio e a Floresta, Rio de Janeiro, Ed.Rocco, 1992. 

6 O termo ''Brummer'', resmungão, identifica os membros da Legião Alemã – cerca de 50 oficiais e 1.800 soldados recrutados na Alemanha em 1852 para lutar na guerra contra Rosas (Rosas, cujo domínio na Argentina foi tão forte que designa um período da história daquele país, entre 1831 e 1852, denominado rosismo. Latifundiário e ditador argentino de grande atuação nos conflitos bélicos entre o seu país e o Uruguai, cujo porto Montevidéu competia com o de Buenos Aires e onde se alternavam no poder, os ''blancos'' e os ''colorados'', havendo também, interesses franceses e ingleses nesses conflitos. A partir de 1848, o governo imperial brasileiro engajou-se nas lutas do Prata contra Rosas, em defesa da independência do Uruguai porque isto atendia mais aos interesses brasileiros, sendo Rosas derrotado em 1852). As forças militares brasileiras contaram, portanto, com a participação da Legião Alemã, a qual incorporou também quase mil voluntários das colônias alemãs do Rio Grande do Sul. Após a guerra com a Argentina, alguns ''Brummer'' ficaram no Rio Grande do Sul, atuando no comércio, ensino e jornalismo, como foi o caso de Koseritz. 

7 A obra de Kuder Die deutschbrasilianische Literatur und das Bodenständigkeitsgefühl der deutschen Volksgruppe in Brasilien (Berlin/Bonn, Ferdinand Dummlers Verlag, 1937) é o primeiro trabalho importante sobre a literatura brasileira.O autor analisa esta literatura no seu contexto histórico social, seus autores e obras importantes. 

8 AULICH, W. ''Von Phatos der Auswanderer''. In: Staden Jahrbuch, São Paulo: Inst. Hans Staden, 1966, p. 211 e 213. 

9 Lucio Kreutz, em seu artigo ''A Escola Teuto-Brasileira Católica e a Nacionalização do Ensino'' In: MÜLLER, TL. (org.) Nacionalização e Imigração Alemã, São Leopoldo, Unisinos, 1994, mostra como a rede escolar teuto-brasileira pode ser dimensionada pelo número de escolas existentes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina por ocasião da nacionalização do ensino em 1937, quando mais de 1.500 escolas, a maioria mantida por ordens religiosas católicas ou pelas comunidades evangélicas, as escolas comunitárias leigas restritas ao meio rural, foram fechadas.

10 BACHELARD, Gaston. A poética do Espaço. In: Os Pensadores, S. Paulo. Ed. Abril. Vol. 34, p. 475-476. 

11. Id. ''Im Hochland''. In: KDB. 1923, p.295. 

12 KNOLL, G. ''Das Glück''. In: KDB ,1923, p. 86. 

13 Id. ''Am Wasserfall''. In: KDB, 1933, p.43. 

14 SAUER, Clara Maria. ''Unter Palmen''. In: Kalender Serra Post, 1924, p.121. 

15 CULMANN. H. ''Deutsche Siedlung''. In: KDB, 1936, p.103. 

16 Cf. Poema ''Mignon'' de Goethe. In: Goethe – Auswahl in drei Bändern – Gedichte (Weimar, 1781-1784 – 2 Band. Leipzig: Bibliographisches Institut, 1949. 

17 KOSERITZ, Karl von. ''Reise nach Brasilien''. In: KDV, 1890, p. 78. "Und auf einmal that sich die grosse Bai von S.Francisco vor uns auf, und es war, als ob wir nach langer Gefangenschaft endlich die Freiheit wiedersahen. So still, so blau, so feierlich lag er vor uns, der Binnensee; ein leiser Windhauch nur kräuselte die gewaltige Wasserfläche. Rings umher, so weit das Auge reichte, mächtige Berge, von oben bis unten mit reicher Vegetation bedekt. Es schien, als lägen wir in einer gewaltigen Kugel, vom Himmel, Wald und Wasser gebildet''. 

18 Id. Bilder aus Brasilien. Leipzig und Berlin. 1885, p.18-19. ''....Und ich? Aus dem blühenden Jüngling ist ein alter Mann geworden. Erinnerte er mich doch lebhaft an jene Tage, in denen die Schönheit dieser paradiesischen Gegend einen unauslöschlichen Eindruck auf mein jugendfrisches Gemüth gemacht hatte. Auch unsere damalige Einfahrt in den Hafen von Rio trat mir wieder lebendig vor die Augen.... Auch mir klopfte das Herz nicht wenig, während vom schwankenden Mast herunter mein Blick die herrliche Gegend mit dem Zuckerhut, dem Corcovado, der Tijucca überflog...'' 

19 Id.Ib., p. 139-140. ''Könnte ich Herrn SchmId. einmal in Rio Grande haben, ihn auf unsere Colonien begleiten und ihn einen Einblick gewinnen lassen in das herrliche Stück Culturgeschiechte, welches wir dort machen, – so möchte er bald anders urtheilen und lebhaft na Altmeister Goethe's Wort von der grauen Theorie und dem frischen Grün des Lebens erinnert werden. Wer zurückdenkt, unter welchen schwierigen Verhältnissen sich die deutschen Colonien in Rio Grande entwickelten, und sieht, auf welchen Punkt sie heute stehen, – der muss Respekt vor dieser Culturarbeit bekommen. Einstens wurden dort ein paar Tausend deutsche Einwanderer in den Urwald gesteckt und mussten jahreland gegen Noth und Elend kämpfen; ihren Erntesegen mussten sie auf dem Rücken aus den Picaden tragen; es gab weder Weg noch Steg, und wilde Menschen und reissende Thiere bedrohten sie täglich..... Já, es waren damals harte Tage des Kampfes, aber wir siegten, und heute ist das deutsche Element ein gewichtiger Faktor in Rio Grande do Sul''. 

20 Os dois vizinhos e outros textos é tambem o nome de uma coletânea de narrativas escritas por W. Rotermund, traduzidas recentemente por Martin N. Dreher, publicada pela Ed. EST, Porto Alegre, 1997. 

21 ROTERMUND, W. ''Die beiden Nachbarn''. In:.Gesammelte Schriften Südamerikanische Literatur, vol. 8, p.5-6. ''Die Isabellen-Pikade ist eine der fruchtbarsten unter den deutschen Ansiedlungen...dann wurde auf der Höhe mancher Ausruf der überraschung und Verwunderung laut. Denn man schaute in die Segensgefilde der Täler, die von dunklen Waldgebirgen einfasst waren... Já, so reizend und entzückend war der Anblick, so sehr fühlte ein empfängliches Herz sich wirklich bezaubert, das man sich scheute durch Worte den beseligenden Bann zu brechen....... So auf Blüten und in Blütenduft wandeln und über sich die Sternenfülle der südlichen Himmels funkeln sehen, das macht das Herz ahnungsreich und hoffnungsvoll.'' 

22 Id. ''O lieb so lang du lieben kannst'' In: Gesammelte Schriften Südamerikanische Literatur. Vol. 8. p.,15. – ''Da öffnet sich der Wald, und vor uns liegt ein grosses rundes Feld in den Wald hineingebettet. Und welch ein Anblick! - Nicht Hunderte sondern Tausende von Leutchkäfern schwebten durcheinander über die Pflanzung von Mais und Mandioca. Das ist ein Aufleuchten, ein Blitzen und Funkeln über den ganzen Raum in dem samftentlicht des Mondes und an dem dunklen Saum des Waldes.....Nichts störte die feierliche Stille, der Wald hatte sein geheimnisvolles Rauschen eingestellt und der Mond schaute selbstvergessen auf diese Pracht....... Und wie glitzerte alles dabei''. 

23 BACHELARD, G. A poética do Espaço. In: Os Pensadores. Nova Cultural, São Paulo, 1988, p. 93-261. 

Fontes bibliográficas

Fontes Primárias 


CULMANN, H. Deutsche Siedlung. In: KDB (KALENDER FÜR DIE DEUTSCHEN IN BRASILIEN.,1939 São Leopoldo: Rotermund Verlag (entre 1880 e 1840). 
KNOLL, Georg. Das Glück. In: KDB (Kalender für die Deutschen in Brasilien), 1923. 
KOSERITZ DEUTSCHER VOLKSKALENDER FÜR DIE PROVINZ RIO GRANDE DO SUL (KDV), mais tarde Koseritz Deutscher Volkskalender für Brasilien. Porto Alegre: Walter Kühn, Grundlach & Cia., Krähe & Cia (1874, 1876, 1877, 1879, 1886-1918, 1921-1938). 
KOSERITZ, Carl von, Bilder aus Brasilien. Leipzig/Berlin: Verlag von W. Friedrich, 1895. 
NIEMEYER, E. Teutonen Literatur. In: KDB, 1927. 
ROTERMUND, Wilhelm. Os dois vizinhos e outros textos. Trad. De Martin N. Dreher. Porto Alegre: Edições EST, 1997. 
_____. Die beiden Nachbarn. In: Gesammelte Schriften – Südamerikanische Literatur, São Leopoldo, vol. 8. 
_____. O, lieb so lang du lieben kannst. In: Gesammelte Schriften – Súdamerikanische Literatur, São Leopoldo, vol. 8. 
SAUER, Clara M. Unter Palmen. In: Serra-Post Kalender, Ijuí, 1924. 
SCHLEIFF, V. Heimweh, Die Ersten Einwanderer, Blumenau, Alte und neue Heimat. In: Gedenkbuch zur Jahrhundertfeier der deutschen Einwanderung. Blumenauense, 1950. 

Fontes Secundárias 


AULICH, Werner. Von Pathos der Auswanderer. In: Staden Jarbuch. S.Paulo: Inst.Hans Staden, 1966. 
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. In: Os pensadores. São Paulo: Abril, vol. 34. 
BAKHTIN, M. Questões de Literatura e de Estética: a teoria do romance S.Paulo : Unesp/Hucitec,1988 
_______.Gêneros do discurso. Estética da criação verbal. S.Paulo: Martins Fontes, 1992 
BARANOW, Ulf von. Zur Literatur über das Deutsche als Einwanderersprache in Brasilien. In: Staden Jahrbuch. São Paulo: Instituto Hans Staden, 1972. v.20. 
BOGDAL, Klaus-Michael. (Hrsg) Neue Literaturtheorien. Eine Einführung. Opladen: Westdeutschen Verlag, 1997. 
BONOW, Imgart G. Onde o sabiá canta e a palmeira farfalha. A poesia em língua alemã publicada nos anuários Sul-Riograndenses (1874-1941). Dissertação de Mestrado. Instituto de Letras e Artes, PUC-RS, 1991. 
BEUNTIN, Wolfgang et alii. História da Literatura alemã. Das origens à atualidade. I II Lisboa: Apáginastantas Ed. Cosmos, 1993 
CASSIRER, Ernst. Antropologia filosófica. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977. 
_____. História da Literatura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1956. 
COUTINHO, E. F. & CARVALHAL, T.F. (Org.). Literatura Comparada - Textos Fundadores. Rio de Janeiro: Rocco, 1990. 
COUTINHO, Eduardo F. Literatura Comparada, literaturas nacionais e o questionamento do cânone. In: Revista Brasileira de Literatura Comparada III, ABRALIC, Rio de Janeiro, 1996. 
CUNHA, F. O romantismo no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971. 
CURTIUS, Ernst. Literatura Européia e Idade Média Latina. Trad. Teodoro Cabral. Rio de Janeiro: INL, 1957. 
DYSERINCK, Hugo. Komparatistik - Eine Einführung. Bonn: Bouvier Verlag Hermann Grundmann, 1977. 
_____. Zum Problem der ''Images'' und ''mirages'' in ihrer Untersuchung im Rahmen der Vergleichenden Literaturwissenschaft. In: Arcadia, (1), 1966. Trad. para o português em: Sousa, Celeste H. M. Ribeiro de (org.) – Imagologia. Antologia de ensaios de Hugo Dyserinck. 2005. www.rellibra.com.br 
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. São Paulo: Perspectiva, 1972. 
TURK, Eleonor L. Os alemães de 1848 no Brasil. Trad. Hans H.E.Koch. In: Blumenau em Cadernos, Blumenau-SC, março 1999. 
FAUSEL, Erich. Litertura-Riograndense em língua alemã. Porto Alegre: Enciclopédia Rio-Grandense, 1956. _____. Deutsche Stimmen in der Riograndenser Literatur. Intercâmbio, 15 4/6, 1957. 
FAUSTO, Boris (org.). Fazer a América – a imigração em massa para a América Latina. São Paulo: Memorial/EDUSP, 1999. 
FLEISCHER, Marion. A poesia alemã no Brasil. Tendências e situação atual. São Paulo: FFLCH-USP, 1967. 
_____. Elos e anelos. Da literatura em língua alemã no Brasil. Centro de Germanística da Fac.de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. São Paulo, 1981. 
FOUQUET, C. Der deutsche Einwanderer und seine Nachkommen in Brasilien(1808-1824-1874). São Leopoldo: Institut Hans Staden/Federação dos Centros Culturais "25 de Julho", s/d. 
FOUQUET, C. O imigrante alemão e seus descendentes no Brasil. São Paulo: Instituto Hans Staden, 1974. 
FREITAS, Ingrid A.de. A máscara cai - Wolfgang Ammon no contexto da literatura teuto-brasileira. São Paulo: Ed.Arte e Cultura. UNIP/ 
GERTZ, René. O integralismo na zona colonial alemã. In: DACANAL, José H. RS: Imigração e Colonização. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1980. 
GOETHE,Johann von.Werke. Hamburger Ausgabe, Munchen:Deutscher Taschenbuch Verlag, 1988, 14 vol. 
HOLANDA, S.B. de. Visão do paraíso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959. 
_____. O Bom Dragão. In: Mironga e outros poemas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/INL, 1978. 
_____. Raízes do Brasil. 17. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio,1984. 
HUBER, Valburga. Saudade e Esperança. O dualismo do imigrante alemão refletido em sua literatura. Blumenau: Ed.da FURB, 1993. 
_____. A literatura em língua alemã de Santa Catarina. Região de Joinville. Relatório de Pesquisa para a UFRJ. Rio de Janeiro, 1994. 
_____. A mulher – personagem chave da literatura da imigração alemã de Santa Catarina. In: Blumenau em Cadernos. Blumenau, out. 1989; Caderno do Terceiro Encontro Nacional ''Mulher e Literatura''. Florianópolis, 1990; Boletim do Arquivo Histórico de Joinville, Joinville, nov. 1990. 
_____. Santa Catarina e sua literatura em língua alemã. In: Diário Catarinense – Suplemento Literário. Florianópolis, ago. 1993 e Projekt, ABRAPA nr. 11, nov. 1983. 
_____. Die deutschprachige Literatur von S.Catarina. Deutsche Zeitung. São Paulo: 3 Dezember 1993. 
_____. Heimweh und Hoffnung. Brasil-Post. São Paulo, fev. 1994. 
_____. Joinville, a cidade dos príncipes e sua literatura em língua alemã. In: Projekt, ABRAPA, 21 de abril de 1996; Boletim do Arquivo Histórico de Joinville, dezembro de 1995. 
_____. A Literatura da Imigração Alemã em Santa Catarina. In: Anais do III Congresso Brasileiro de Professores de Alemão. Campinas: UNICAMP, 1996. 
_____. A Literatura da Imigração Judaica no Brasil e a Ficção de Moacyr Scliar. In: Carderno de Letras. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras-UFRJ, dez. de 1999. 
_____. A Literatura dos imigrantes alemães e o Romantismo. In: Fórum Deutsch. Revista Brasileira de Estudos Germânicos. Rio de Janeiro, v.6, p.14-20, 2002. 
 _____.Marie Luise. Novela de Therese Stutzer ( Tradução e organização- edição bilíngüe) Blumenau, S.C., Ed. Cultura em Movimento, 2002. 
____. Imagologia e Literaturas de Imigração. In: KESSTLER, Izabela et alli. Cânone e Dissidências 11. Semana Interdisciplinar de Estudos Anglo-Germânicos. Fac. Letras, UFRJ – Rio de Janeiro, 2007. p.276-283 
KALENDER FÜR DIE DEUTSCHEN IN BRASILIEN. São Lopoldo: Rötermund, 1881-1918, 1920-1941 
KOCH, Walter. O Brasil, sua terra e sua gente nos contos do Kosseritz Deutscher Volkskalender für die Provinz Rio Grande do Sul (1874-1890). In: I Colóquio de estudos teuto brasileiros. Porto Alegre, 1963. 
KREUTZ, L. A Escola Teuto Brasileira Católica e a Nacionalização do Ensino. In: MÜLLER, T.L. (org.). Nacionalização e imigação alemã. São Leopoldo: Unisinos, 1994. 
KUDER, Manfred. Die Deutschbrasilianische Literatur und das Bodenständigkeitsgefühl der deutschen Volksgruppe in Brasilien. Berlim: Ed. Ferd. Dümmler, 1937. 
_____. Die deutsch-brasilianische Literatur. Zeitschrift für Kultur Austausch. Stuttagart, 13. 
LOIMEIER, Manfred. Wir haben ein Recht auf eigene Dichtung. Zur Geschichte der deutschssprachigen Literatur in Brasilien. In: Staden Jahrbuch, São Paulo, 1995/96. 
_____. Um Brasil diferente. Ensaios sobre fenômenos de aculturração no Paraná. São Paulo: Ed. Anhembi, 1953. Livraria Almedina, 1979. 
MOOG,Viana. Um rio imita o Reno. Porto Alegre: Globo, 1948. 
OBERACKER, K.H. Der deutsche Beitrag zum Aufbau der brasilianischen Nation. São Leopoldo: Fed. dos Centros Culturais 25 de julho, 1978. 
_____. Die Volkspolitische Lage des Deutschtums in Rio Grande do Sul (Südbrasilien). Jena, 1936. 
_____. Neuschöpfungen der deutschen Sprache in Brasilien. Staden Jahrbuch. São Paulo Inst. Hans Staden, 1957. V. 5 p.175-183. 
PELOSO, Silvano. Identidade nacional e sociedade multicultural. In: Revista Brasileira de Literatura Comparada. ABRALIC, Rio de janeiro, 1996. 
RALL, D. Das Fremde bleibt immer fremd? Interkulturelle Ansätze in Sprach-und Literaturstudien in Latein America. In: Forum Deutsch. Revista brasileira de Estudos Germânicos. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. V. II. 
RICIARDI, G. Sociologia da literatura. Lisboa: Europa-América, 1971. 
ROCHE, Jean,. A colonização alemã e o Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1969, 2 . ROMERO, S. O alemanismo no Brasil. Rio de janeiro: Heitor Ribeiro, 1906. 
ROSENTHAL, Erwin T. Die Deutschsprachige Lyrik in Brasilien nach 1945. In: Elos e Anelos. São Paulo: USP, 1981. 
REINERS, Ludwig. Der ewige Brunnen. Ein Hausbuch deutscher Dichtung.München,Verlag C.H. Beck 1959 
SACHET, Celestino. A literatura catarinense. Florianópolis: Lunardelli. 
SCHADEN, Egon. Der Deutschbrasilianer – Ein Problem. In: Staden Jahrbuch. São Paulo: Instituto Hans Staden, 1954. V. 2. 
SCHNEIDER, W. Die Ausland Deutsche Dichtung unserer Zeit. Berlin: s/ed., 1936 
SEYFERTH, Giralda. Nacionalismo e identidade étnica. Florianópolis: FCC, Ed., 1982. 
_____. A colonização alemã no Brasil: Etnicidade e conflito. In: Fazer a América – a imigração em massa para a América Latina. São Paulo: Memorial/EDUSP, 1999. 
SOUSA, Celeste H.M.R. de. A narrativa literária no Anuário do Correio Serrano após 1948: temas. São Paulo: FFLCH/USP, 1980. 
_____. Retratos do Brasil. Hetero-imagens alemãs do Brasil. São Paulo: Arte e Cultura, 1996. 
_____. Do lá e do cá. Introdução à Imagologia. S.Paulo: Humanitas/Fapesp, 2006 
_____. Deutschlandbilder auf dem brasilianischen Zollamt. In: Deutsch in Lateinamerika. Ausbildung, Forschung, Berufsbezug. Akten des XII. ALEGKongresses. Havanna, ALEG, 2006, CDROM. ISBN: 10:3-00-019205-0/13:978-3-00-019205-0. 
_____(org.).. Imagologia. Coletânea de ensaios de Hugo Dyserinck II. 2007. www.rellibra.com.br
_____. Lições de ética no canto do bem-te-vi. Da literatura da imigração alemã no Brasil ou da literatura pós-colonial brasileira. In: Literaturas, Artes e Saberes. Anais do Encontro Regional Abralic 2007. (Simpósio nº 34; texto nº 24)
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes, 1983. 
_____. Nós e os outros. Reflexão francesa sobre a diversidade humana. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1993, vol. I. 
TURK, E. Os alemães de 1848 no Brasil. In: Blumenau em Cadernos, mar., 1999. 
VANDRESEN, P. Contatos linguísticos em Santa Catarina. In: 3º. Colóquio de Estudos Teuto Brasileiros. Porto Alegre: UFRGS, 1980. 
WEIL, Pierre. A neurose do paraíso perdido. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1987. 
WILLEMS, Emilio. Aculturação dos alemães no Brasil: estudo antropológico dos imigrantes alemães e seus descendentes no Brasil. São Paulo: Cia.Ed. Nacional, 1946. _____. Assimilação e populações marginais no sul do Brasil. São Paulo: Cia.Ed. Nacional, 1940. 
ZWEIG, Stefan. Brasilien, ein Land der Zukunft. Frankfurt a. M., Insel Verlag, 1981.